domingo, 8 de março de 2020

Recordando o "Trinca-fascistas".

Nasce-se revolucionário e morre-se conservador. É a "lei da vida", dizem.
A gente vai levando pancada de todos os lados, e lá se vai a rebeldia, a utopia, a esperança.
O Trinca fez o percurso ao contrário. Contra a corrente.
Narciso Oliveira, de seu nome. Íntegro, enérgico e frontal. Baixote, magro e moreno, eis o retrato.
Foi chefe da Estação ferroviária da Trofa. Já na fase de aposentado, frequentava diàriamente a Sede local do PS, que durante uns tempos se fixou num espaço de propriedade do meu pai, e que mais tarde me tocou de herança.
Tinha um "tique" nervoso que consistia em ranger os dentes. De quando em vez, passávamos - eu, Eduardo Ribeiro, ( redator do Jornal da Trofa) e "Mindinho" Marçal, por ali para desencaminhá-lo para um copo e um bate-papo, algo que nunca recusava.
Mas, entrávamos sempre à socapa, escondidos para ouvir o "vício". Está a trincar fascistas, dizia o Eduardo. E lá estava ele, virado para o painel dos notáveis, a remoer e a falar baixinho. Mário Soares, António Macedo, Mário Cal Brandão, etc. Só dava fascistas... o único que escapava era Salgado Zenha. De fora dos notáveis, éramos todos fascistas, excepto o engº Ribeiro da Silva (da MIDA) e o meu pai...
E assim ficou o apelido, até à trágica morte. Admirei-o por nunca ter desistido.

José Valdigem

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