domingo, 8 de março de 2020

Para que serve....

A pergunta completa de Abu Ali, agricultor sírio, é: "para que serve o cessar fogo de Putin e Erdogan. se as pessoas não podem voltar para casa?". É sintomático que neste cessar fogo intervenham os nomes dos presidentes russo e turco enquanto o do presidente sírio... se "escafedeu". Realmente os actores são aqueles dois, enquanto Bashar al-Assad, é figura secundária, embora existente e tenebrosa. A região de Idlib é bombardeada pelos russos e forças governamentais sírias - contra os jihadistas, dizem aqueles - e.... centenas de milhares de sírios fogem para a Turqia de Erdogan que, depois de uma "bravata" na Síria, reage à "humilhação" abrindo as portas... para a Europa, chantageando-a. Deste homem, mais que "médico e monstro", e sim "jogador a dois carrinhos", segundo a conveniência, está tudo dito e visto. De Rússia de Putin, também já se devia ter visto, mas a estratégia e o poder são outros, num "inteligente", mas contra-natura, conúbio entre a ideologia "ressuscitada" de Ilyin e os símbolos soviéticos, bem "misturados" naquilo que é a chamada "política de eternidade" da nação russa. Que, apoiada na cibernética, até já conseguiu colocar o "homem deles" na presidência dos EUA. No meio...no meio fica a Europa que sendo um "estado-pomba" e, ainda por cima dominado por um conjuntural ( espero bem que sim...) poder plutocrático, até já é dada como "culpada" de que centenas de milhares de refugiados se atirem para os seus braços, quase lhe atribuindo a culpa dos bombardeamentos a que foram sujeitos por aqueles que eles rejeitam liminarmente pois bem sabem quem são, o que estão a fazer e de como estão de "braços fechados" para os receber. Assim, o que resta senão fugir?... Para serve o acordado entre dois homens que não se recomendam de todo?...

Fernando Cardoso Rodrigues

6 comentários:

  1. À Europa, não perdoo que, "plutocraticamente", pense que lhe basta pagar pela sua própria tranquilidade. Exijo-lhe bastante mais, sobretudo no capítulo da solidariedade. E que os erros/crimes dos outros (russos, turcos ou sírios) nunca sirvam para "branquear" as faltas europeias.

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    1. A sua opinião é válida pelo lado moral/compassivo, mas se não virmos bem quem, como e, especialmente para quê provoca, a montante, a fuga, não vemos o conjunto. E, desse lado, a moral solidária rareia ou... não existe mesmo, como estou em crer.

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    2. Totalmente de acordo consigo. Mas incomodam-me mais os males dos “meus” do que os dos “outros”. Como se costuma dizer, com estes, posso eu bem.

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  2. Não se pode ignorar ou esconder que os E.U.A, com o apoio da NATO e da U.E. tentaram fazer na Síria, o que fizeram no Afeganistâo, Iraque e Líbia, apoiando e estimulando as diversas organizações terroristas. A tragédia dos refugiados tem o essencial da sua origem, nessas acções de guerra que violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas. Há nove anos que a Síria resiste e tentam reconquistar o seu território, tendo pedido ajuda à Rússia. A Turquia rompeu com compromissos e conversações de Astana e com o acordo de Sochi, que previa a cooperação da Turquia com a Síria e a Rússia na pacificação da região. A Turquia não cumpriu e protege e apoia grupos terroristas. A Turquia não deve estar a agir isoladamente, devendo existir coordenação com os E.U.A., que ainda mantêm meia centena de militares na Síria.

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    1. Não se pode ignorar muita coisa. Nem os factos, nem a interpretação dos mesmos... Agora, neste momento, há um facto indesmentível: há milhares de refugiados sírios que só querem ir para um sítio (eles lá saberão porquê...), sabendo bem quem os "empurrou" e... não querendo voltar para trás ( idem, idem...)

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  3. É natural que os refugiados fujam da guerra e da instabilidade permanente... a maior parte das vezes sem compreender ou sem se preocupar com quem as provocou...

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