terça-feira, 30 de agosto de 2016

Rangel e as tácticas


Paulo Rangel, cuja prosa, formalmente, aprecio, desilude-me quase sempre com a substância dos textos que produz. Na sua mais recente crónica semanal do Público (23/8), desunha-se a invectivar o actual governo por nada de estratégico fazer pelo País, acusando-o de se limitar a reversões tácticas. Aceita-se que os resultados da actividade governativa cheiram a pouco, mas não se pode apodá-la de destruidora. Que reprovação há sobre quem desfaz, se o alvo é o erro e o mal? No seu panegírico à estratégia (qual, a do empobrecimento ad aeternum?), Rangel repudia as tácticas, contrárias aos “amanhãs que cantam” (mas só para alguns). Claro que é preciso visão estratégica, a tal que nunca favoreceu o governo anterior, ávido como estava de ir ao pote dos ovos de ouro, sem cuidar que matava a galinha-classe média. E Rangel não esclareceu se os portugueses menos favorecidos estão melhor ou pior do que no decurso do governo PSD/CDS, comprazeu-se em anunciar a catástrofe no longo-prazo. Talvez prefira a santíssima austeridade que nos mate já no curto-prazo.

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