segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Crónicas deliciosas II – General Mortos

No seu livro de crónicas “A substância do amor”, - Publicações Dom Quixote - o escritor angolano José Eduardo Agualusa conta a forma imaginosa que um amigo jornalista arranjou para ter acesso a qualquer instituição pública angolana.

Tendo trabalhado em tempos em Nova Iorque, num departamento da General Motors, guardou dessa empresa multinacional um cartão com fotografia a cores; e basta-lhe apresentá-lo para os guardas se perfilarem, baterem continência e o saudarem:
-Muito bom dia, nosso general!

Talvez porque Motors seja nome estrangeiro, e porque entre os militares de baixa patente poucos dominam a escrita, a maior parte conhece-o por general mortos, acreditando ser aquele o seu nome de guerra...

Num país onde os boatos nascem do nada, e logo prosperam como cogumelos em terra húmida, rapidamente se começou a espalhar a lenda segundo a qual ele teria ganho a terrível alcunha na época colonial, por ter abatido como tordos um grande número de soldados portugueses.

Enviado a Malange por um jornal sul-africano, valeu-lhe exibir mais uma vez o cartão, induzindo um aflito sargento a conduzí-lo ao centro da cidade, onde foi reconhecido por um capitão:
-General Mortos! O nosso general chega em boa hora; vai começar uma importante reunião da Inteligência Militar.
E apresentou-o aos “espiões” ali reunidos:
-Este é o nosso general Mortos, um herói.

Vendo confirmada a expressão “Inteligência Militar” uma evidente contradição nos termos, toda a gente o recebeu com manifestações de respeito, pois embora ninguém ali tivesse conhecimento de tal general, acreditaram que fosse um ex-elemento da UNITA, integrado, com sucesso, nas fileiras do exército nacional...

Amândio G. Martins



NOTA DE RODAPÉ – Para um caso patológico com anos a postar monturos de esterco na tentativa desesperada de me insultar, que já leva o delírio ao ponto de vestir a pele de “musa” dos meus versos e até incorpora os fantoches políticos que “mimoseio” sempre que me parece oportuno, só me ocorrem estas palavras de Anatole Frence: “O néscio é muito mais funesto que o malvado; é que o malvado descansa às vezes, o néscio não descansa nunca!

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