Não. Não vou escrever sobre fogos, incêndios, labaredas como
línguas criminosas, infernos dos diabos, matas de mortes, florestas como teias,
pinhais como punhais. Não. Para isso já temos especialistas de todas as cores e
credos, equipados e fardados de explicações que enchem bibliotecas impensáveis.
Eu não sou especialista em coisa alguma, e vou apenas debruçar-me sobre as
almas, os rostos, as penas, as feridas, os lamentos, as dores do coração da
gente vítima das tragédias que lhes bateram como carvões a arder, e das
lágrimas vertidas que nos diminuem e envergonham por tão pouco lhes valermos.
Eu quero juntar-me à desgraça com a minha lágrima que se demora presa ao canto
do olho enevoado. Estou de rastos por me saber impotente para maior ajuda. E
pensava eu, que pior do que houvera acontecido, seria impossível. Não. Afinal
neste país, tudo o que está para ocorrer mal, irá acontecer mesmo mal. É a lei
fatídica anunciada. E isso é que é o real retrato que se pode registar em
qualquer suporte, que traduza arquivo e memória. Estamos sempre no fio da
navalha. Ao mínimo abalo, à mínima onda, lá estamos nós soterrados por entre
lâminas de sofrimento e afogados no desespero temido. As imagens são dolorosas e
os rostos são angústia que incomoda e nos destrói. Os rostos que o coração
esconde mas de onde os gritos se ouvem, são a grandeza da nossa pequenez. Uma
data e mais outra demonstra-nos que uns quantos responsáveis que se passeiam
por lugares de comando e administrativos de fato e gravata, alertam-nos que
estão a mais nos lugares que ocupam e nos chocam. Estorvam, confundem,
atrapalham a luta de quem combate, luta, morre para vencer o inimigo. Eles são
reforço do inimigo à sombra do conforto e da demagogia. Eles só se mexem para
enganar e fazer que fazem alguma coisa, sem no entanto contribuírem com acções
que justifiquem o posto político oferecido, e o dinheiro que sacam por lá
estarem. Eles são muitos e bem que podiam engrossar as tropas dos que combatem
no terreno. Mas não. Eles são nomeados para o ar condicionado, e o único fumo
que espreitam é o que sai dos charutos cohiba, e das luzes dos estúdios
televisivos para onde são presença constante. Debitam discursos, teorias,
queixas, conforme o que lhes dá jeito para apoiar ou atacar o poder. Eles são comandantes,
presidentes, autoridades, cargo evidente em tudo quanto é prémio, salário ou
avença, privilégio. Só não são, é solução para coisa nenhuma, faça sol ou chuva.
Temos o diabo e o inferno em cada um, que se julga que sabe mais e melhor, do
que o comum mortal, que se viu despojado dos valores e da vida!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.