Que os martirizados não tenham sido em vão
Parece que, finalmente, foram aprovadas medidas de fundo
destinadas a tentar resolver problemas de sempre, mas se a politiquice se
interpuser, se insistirem naquela rotineira sandice de que só nós é que sabemos,
não vai faltar quem ponha areia nas engrenagens, apesar dos apelos do
presidente da República...
Por outro lado, quando se fala na premência de manter limpa
a floresta, é preciso também esclarecer de que tipo de limpeza se fala, porque
não se pense que limpar a floresta é manter o solo rapado como se fosse uma
eira, coisa não só impossível de concretizar como seria um atentado ecológico.
É importante perceber que a riqueza florestal não se limita
a árvores de corte para madeira e pasta de papel, porque ela é isso e muito
mais, na sua fauna e flora; é preciso atender a uma multiplicidade de plantas e
fungos importantíssimos, e às variedades de fauna selvagem que nelas se abrigam
e reproduzem, e que a calamidade dos incêndios tem dizimado.
O agora finalmente decidido ordenamento florestal deve
compreender saber-se onde e o quê plantar, sem a utopia de que será possível
uma situação de zero incêndios; mas fazer as coisas de tal forma que, em caso
de fogo, este fique longe das povoações e o seu combate seja facilitado por
acessos livres de “atranquilhos” e com reservatórios de água em pontos
estratégicos.
Não é mais aceitável o rotineiro “isso é lá com eles”,
porque é connosco também, porque é com todos. A rotina do “deixa-andar”pode ser
assassina, como todos tivemos contundente prova...
Amândio G. Martins
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