quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Um país abandonado


Somos todos culpados dos erros da governação pela inércia, pelo “deixa andar”, a par com o palpite fácil sem consequências.


Fizeram-se ontem manifestações de rua porque aqui ao lado, na vizinha Galiza o povo também veio para a rua manifestar-se pelos 4 mortos nos incêndios. Ninguém se lembrou de manifestar-se pelos mortos de Pedrogão.

Temos uma participação cívica deficiente e as gerações do futuro não estão muito interessadas na intervenção politica, esquecendo que o nosso país não é a europa (com diversos níveis de desenvolvimento), mas apenas este pequeno retângulo chamado Portugal, que há que cuidar, para que melhor seja o futuro.

Depois do abandono a que foram votadas as populações do interior, a quem tiraram as infraestruturas necessárias a alguma qualidade de vida (centro de saúde, tribunais, etc.). ainda exigem uma comunidade proactiva. Esquecem que são na sua maioria pessoas envelhecidas, que enquanto jovens sempre zelaram pelo que era o seu património, mas agora não têm forças, nem voz, nem autoridade e a quem o poder sucessivamente ignora.

Na grande vaga da fuga para a capital de recursos e de pessoas que lá se enclausuram a dar as ordens ao resto do país é natural que passe despercebida a degradação do território e o isolamento em que as populações vivem.

E os da moral em alta, como é o caso da líder do CDS, também esquecem que enquanto Ministra que foi da Agricultura e Florestas, nada fez para colmatar a situação que agora explode da forma que se tem visto.

Depois também queremos acreditar que temos um governo autónomo, independente mas, na prática, o que temos são políticos ao serviço de um poder maior: o grande capital!

E nesta repetição de escândalos financeiros, é recorrente a ausência de consequências para banqueiros corruptos, para empresas que gerem o dinheiro dos nosso impostos, com a conivência dos sucessivos governos, em negócios como o SIRESP, em empresas alimentadas com o dinheiro que deveria ser para desenvolvimento (ordenação/limpeza do território nacional, por exemplo), e que se encontram blindadas ao acesso da investigação.

A Protecção Civil foi criada para calar, travar e monitorizar os bombeiros e em termos concretos não se criaram melhores resultados no combate aos fogos. Pelo contrário é nítido o mal estar latente entre as duas entidades. Com toda a clareza percebe-se que foram mais uns quantos lugares bem remunerados e entregues a quem não tem competência, nem formação adequada, como se viu recentemente.

Cria-se o monstro e depois este toma conta do criador!

Sobrevalorizam-se os intelectos sediados na capital, como se a inteligência fosse atributo dos senhores de Lisboa e esquecem que nos mais diversos locais existem pessoas que fariam toda a diferença nas soluções para os problemas: os presidentes de camara para exercerem o poder  que conquistaram têm que ir ao “beija-mão” a Lisboa, numa atitude subserviente, quando tem toda a legitimidade porque foram eleitos para resolver os problemas que se colocam nas suas regiões.

O simples presidente duma Junta de freguesia, figura na cauda do poder politico, se bem preparado e com caracteristicas além do “saber ler e escrever” poderia nesta situação de calamidade, prevenir muitas das situações que deflagraram.

Bastava para tal o conhecimento do terreno que obrigatoriamente devem ter, a formação e algum equipamento - uma simples máquina de limpeza de terrenos.

Como diz o povo grão a grão…  se cada Junta de freguesia tivesse o necessário para limpar a seu território, porque melhor que ninguém eles conhecem as fragilidades locais, a situação nacional estaria redondamente melhor.

Como prioridade limpar, substituindo-se a quem não limpa; depois apresentar a factura. Tenho a certeza que era melhor solução do que as multas e multinhas e os grandes estudos que os governos começam e nunca acabam.
Para quem não pode, não quer ou está longe é a forma mais vantajosa a ambas as partes e mais adequada para prevenir, salvar e gerar um orçamento próprio para as freguesias.

Mas isto são ideias minhas, porque o que se vê é cada vez mais a aposta em frota automóvel para a Protecção Civil porque aí sim dá uma aparência de maior modernidade…

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