sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Numa roda-viva

Época de colheitas é tempo  de muito trabalho, multiplicando-se as tarefas umas a seguir às outras, para que o resultado de tanta labuta não se perca por negligência.

Depois da batata, no fim da primavera, segue-se o feijão, a meio do verão, e o milho logo depois; as uvas também, coisa bem cansativa em muitos sítios deste Minho, onde ainda se mantém o “enforcado”, sistema que permitia remeter as ramadas para a borda dos terrenos e por cima dos caminhos, deixando livre a terra para as mais diversas sementeiras e plantações.

Só que este processo de implantação das vinhas, cujo aspecto até é bonito de se ver quando se passa por baixo, torna muito trabalhosas e cansativas as podas, tratamentos e colheitas, sacrifícios ainda assim atenuados pela generosa entreajuda que por aqui ainda se pratica, sobretudo entre os mais idosos, já que na camada mais jovem, para além dos que estudam,  toda a gente vai tendo outras ocupações, nas  mais diversas lojas, fábricas e oficinas.

Simultâneamente com as uvas também se vão recolhendo as castanhas, pelo menos duas vezes por dia, já que muitas caem dos ouriços para zonas de passagem pública e são esmagadas pelo transito mais pesado; e  como tudo anda numa roda-viva, às castanhas segue-se a azeitona e a coisa recomeça de novo com a preparação das árvores e terrenos para mais um ano. Enfim, aqui ninguém se pode queixar de não levar uma vida cheia...

Amândio G. Martins



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