Numa roda-viva
Época de colheitas é tempo
de muito trabalho, multiplicando-se as tarefas umas a seguir às outras,
para que o resultado de tanta labuta não se perca por negligência.
Depois da batata, no fim da primavera, segue-se o feijão, a
meio do verão, e o milho logo depois; as uvas também, coisa bem cansativa em
muitos sítios deste Minho, onde ainda se mantém o “enforcado”, sistema que
permitia remeter as ramadas para a borda dos terrenos e por cima dos caminhos,
deixando livre a terra para as mais diversas sementeiras e plantações.
Só que este processo de implantação das vinhas, cujo aspecto
até é bonito de se ver quando se passa por baixo, torna muito trabalhosas e
cansativas as podas, tratamentos e colheitas, sacrifícios ainda assim atenuados
pela generosa entreajuda que por aqui ainda se pratica, sobretudo entre os mais
idosos, já que na camada mais jovem, para além dos que estudam, toda a gente vai tendo outras ocupações,
nas mais diversas lojas, fábricas e
oficinas.
Simultâneamente com as uvas também se vão recolhendo as
castanhas, pelo menos duas vezes por dia, já que muitas caem dos ouriços para
zonas de passagem pública e são esmagadas pelo transito mais pesado; e como tudo anda numa roda-viva, às castanhas
segue-se a azeitona e a coisa recomeça de novo com a preparação das árvores e
terrenos para mais um ano. Enfim, aqui ninguém se pode queixar de não levar uma
vida cheia...
Amândio G. Martins
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