domingo, 15 de outubro de 2017

"AFASTA-TE QUE ME ENFUSCAS"

Esta interessante e velha expressão da gíria popular da Beira, vem a propósito da atitude de afastamento indecoroso dos ex-ministros e principais aliados políticos de José Sócrates (JS), agora que foi acusado pelo MP. Porque o espaço de que disponho não permite referir todos, refiro apenas como exemplo Pedro Silva Pereira, o ex-ministro de JS que teve mais poder nos seus governos, como ministro da Presidência do CM. Quando em Maio de 2014, num comício do PS afirmava alto e bom som: "quando um socialista é atacado, acusado injustamente, é todo o PS que é atacado e acusado" (fim citação), confesso que estava longe de imaginar este silêncio dos cemitérios. Já o ex-ministro de JS, Correia de Campos, ensaiou uma tirada recentemente mais diplomática: "não tenho capacidade para dizer que a acusação a Sócrates não é verdadeira" (fim citação). Notável, embora indecorosa de um ponto de vista da solidariedade política, a atitude do actual PM, António Costa, que logo quando JS foi detido proclamou "à Justiça o que é da Justiça, e à política o que é da política", lavando as mãos como fez Pilatos. Destacarei, como é merecido, o nome de Campos e Cunha, que saiu bem cedo, por alegadamente ter resistido à intenção de JS de demitir o CA da CGD para lá colocar o seu amigo Vara (o que JS fez logo de seguida). E também Teixeira dos Santos, por embora muito tardiamente, ter avançado com o pedido de resgate financeiro de Portugal, sem consultar JS. Como registo de interesses, nunca votei JS, mas tenho pena de Mário Soares se ter já finado, pois tenho absoluta certeza que estaria hoje ao lado do seu amigo JS, nesta hora má que atravessa.

7 comentários:

  1. Apenas os desonestos e os falta de carácter podem discordar deste seu magnifico e corajoso pensamento que vai sendo raro neste blogue. Também não tenho dúvida alguma que Mário Soares, em quem nunca votei e de quem não gostava (salvo pntualmente) nesta hora estaria aqui ao lado de José Sócrates ao contrário de certa gentinha que tenta passar a imagem errada de gente de bem mas que são os primeiros a largar aqueles que idolatravam. Não estranhando de todo, mentem-me nojo mas talvez seja por pouco tempo.

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    1. Obrigado pelas confortantes palavras. Infelizmente só não consigo partilhar do seu optimismo, quanto à brevidade desta geringonça sinistra. Oxalá o Jorge tivesse razão. Abraço

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    2. Quando escrevi "talvez seja por pouco tempo" era noutro sentido como irá ver noutro local. O "pouco tempo" não se referia à geringonça. Referia-me a mim próprio como poderá verificar num artigo que irei colocar neste blogue, talvez o último, quem sabe.Desculpem-me aqueles a quem induzi em erro.No entanto, claro que mantenho o mentem-me nojo.

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  2. Caro Jorge, lamento saber. Sabe eu também me tenho sentido aqui desconsiderado, só por não ser de esquerda, e obviamente não aceitar a narrativa da situação (como chamávamos ao regime de Salazar). Agora vou estar muito atento a quem irá “substituir” a Céu Mota, como líder aceite do nosso grupo. Se vier a ser um dos intolerantes esquerdalhos, sairei também. Por vezes já me falta a pachorra para responder a totalitários, que querem impôr a sua verdade aos outros, mesmo pela força. Um abraço

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  3. Concordo com o companheiro Manuel Alentejano que o ambiente por aqui tem andado mais tenso que o necessário. Raramente escrevo mas leio, por alto que seja, todos os dias. E pergunto-lhe: parece-lhe que tratar alguns dos outros por "esquerdalhos", ajuda alguma coisa? Ainda mais quando são "outros" indefinidos, ninguém e toda a gente. Pode apontar-me um dicionário em que essa palavra exista? E existindo ou não, tem ao usa-la alguma outra intenção senão insultar e desconsiderar outros, apenas pelo facto de serem diferentes? E não me venha dizer que "eles é que começaram", senão vamos até D. Afonso Henriques e mais atrás, sempre a passar culpas. Uma vez por outra, todos nós "começamos", acontece. Eu gostava de ver é que é que acaba. (nota: o comentário anterior, apagado, era exaramente este, mas com muitos erros, que o corretor ortográfico estava desativado)

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  4. Caro Ricardo, eu não sou um santo, nem pretendo ser modelo para ninguém. Concordo sem hesitar, que a expressão pode ser interpretada como um certo desprezo intelectual. Mas sabe, depois de sermos insultados de "fascistas", "facholas", "reaccionários", etc., etc., falha-nos a pachorra e deixamos escapar uma humana reacção com os "esquerdalhos". E tudo porque não concordamos com a "linha oficial". E sobre essa linha oficial, eu já a conheço de cor, desde o tempo do Doutor Salazar. Esse era certamente um ditador, mas nunca se intitulou falsamente democrata. Até por escrito, desconsiderou e criticou as chamadas "democracias ocidentais" e os partidos políticos. Tomei nota da sua pertinente observação, mas recomendo-lhe a leitura de Eclesiastes 7.20

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