Depois da tragédia
Sobram as palavras, mas não é possível a ninguém ficar
indiferente a tanta terra calcinada, tanta casa e equipamentos industrias
destruídos, tantas vidas perdidas, mas tem-se pena, sobretudo, da pobreza
mentral de quem, vivendo rodeado de matéria combustível, não mexe uma palha
para se proteger.
Nasci e vivo numa pequena aldeia de montanha e tenho a
perfeita noção de que somos nós os primeiros responsáveis pela nossa segurança;
se aquela gente martirizada, os seus elementos mais activos, tivessem cumprido
o seu dever, este tipo de tragédias não teriam lugar, pelo menos a esta escala,
porque os incêndios nunca chegariam às habitações.
O que não faltam agora são papagaios a gritar que o Estado
falhou e a pedir demissões, mas se a ministra se tivesse demitido da primeira
vez que o propuseram, agora estariam a pedir a demissão do substituto; “o
Estado falhou”, mas então o Estado não somos todos nós? Até parece que, nestes
casos, o Estado se limita ao Governo em funções, como se pudesse dispor de poderes
milagreiros...
Ouvi há dias, num momento de grande dor mas também de
ponderação, um autarca confirmar que teve poucos bombeiros, porque não chegaram
para acudir a todo o lado, mas mesmo que pudesse dispor de milhares deles não
resolveria nada, tal a dimensão do monstro!
Àquele papagaio com sotaque brasileiro que, em Pedrógão, não
se cansa de proferir tolices, ainda não vi ser-lhe feita uma pergunta bem
simples: o que fez ela, que acções terá liderado para prevenir a tragédia, para
alertar as autoridades locais e as populações da zona em nome da qual agora se
evidencia...
Amândio G. Martins
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