segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A EMISSÃO SIC NOTÍCIAS DA MANIFESTAÇÃO DE PARIS



Não será fácil fazer um “directo” televisivo, prolongado no tempo de uma tarde e ter “conversa” para preencher esse espaço.

A emissão da SIC Notícias sobre a manifestação de solidariedade em Paris no Domingo passado foi uma emissão antológica, salpicada de apontamentos escatológicos apimentados.

Um coordenador jornalístico em floreados de lugares comuns desencantados da sua cosmogonia particular; um jornalista disparando toda uma artilharia de ideias inacabadas, incorrecções culturais, exercitando-se com citações pessoais em campos perigosos – onde se deve estar bem consolidado. Assuntos sérios como a religião, a história, a sociologia, a antropologia, a filosofia, que exigem muito estudo e humildade na abordagem. Um general, finíssimo na subtileza de um discurso elaborado, previamente pensado, e claramente conservador, para não utilizar termo mais penetrante.

Foram estes os melhores convidados para este espaço importante de informação? Eram os que estavam disponíveis? Ou não importa porque os poucos que perderam um Domingo de sol para ficar em casa, só tinham a televisão ligada para que a doce modorra do som de fundo, induzisse a sesta mais rapidamente, pouco importando o diálogo?

A SIC nasceu como alternativa a um monopólio de televisão pública, manietada nas suas liberdades e criatividades pelos poderes políticos sentados nas cátedras que ocupam nos ciclos de governação que partilham à vez. Foi durante anos uma lufada de frescura e inovação.

Passados todos estes anos, a televisão pública continua a asfixiar-se na sua perdição, tenta compulsivamente o suicídio mas não aperta a corda o suficiente para ser de vez. É um espantalho que se espantalha a si mesma.

 Outros canais que entretanto nasceram ilustram o paradigma do mundo moderno: superficial, rasteiro, barraca de tiros de feira. Têm audiência mas não têm essência. Não interessam para nada.

Porque escolheram estes comentadores num dia tão importante para os europeus, um dia de acto de contrição sobre modelos de existência, gastos, corroídos, putrefactos? Um dia de reflexão inadiável sobre o futuro.

Um comentador que representa um passado que era saudável estar definitivamente esquecido; as barbaridades incultas de outro, e uma conversa de esplanada num qualquer paredão para confrades da mesma tertúlia em ambiente de fim de semana. Foi o que melhor se arranjou, para comentar assuntos que pela diversidade e conteúdos exigiam não um mas uma mão cheia de bons Humanistas, se os houver tantos e à mão de semear.

A SIC tem pessoas destas e tem o número de telefone de outras que não são da casa, e quem fez a escolha deveria ter esse cuidado, e sensibilidade.

É pena porque nestas oportunidades pode-se fazer a pedagogia do pensar, ajudar as pessoas a compreender melhor a complexidade do mundo, e sem ser paternalista, dar um empurrão à lucidez.


Ficará para a próxima.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.