Entrei para a
Banca em 1969 e após ter estado no ex-Ultramar em missão de soberania.
De seguida,
como era contestatário consciente q.b., fiz parte do secretariado permanente da
CNT/BPA/ZN – Comissão Nacional de Trabalhadores do Banco Português do Atlântico
da Zona Norte.
E fui sempre,
de entre as mais variadas questões laborais, contra qualquer tipo de subsídio,
que normalmente era atribuído a quem menos o merecia.
Defendia e
defendo que o trabalhador deve ter um ordenado, salário, vencimento ou jorna
compatíveis e de acordo com as funções do seu posto de trabalho e tendo também
em conta as suas habilitações escolares e profissionais para o cargo a
desempenhar.
Portanto,
subsídio de refeição – que representa a assiduidade – subsídio de risco,
subsídio de falhas, atribuição de viatura de serviço, avião particular,
atribuição duvidosa do RMG de RS – Rendimento Mínimo Garantido de Reinserção
Social -, que em muitos milhares de casos somente garante a não procura efectiva
de trabalho, ficando-se cada vez mais longe ou definitivamente ausente do
trabalho honrado, por parte de quem o perdeu; subvenções e outras atribuições
sumptuosas de topo, fora de um ordenado compatível e razoável, assemelha-se,
penso eu, em distorcer o máximo aceitável de qualquer tipo de equidade no mundo
laboral, e não só.
E o tempo
veio dar-me razão. E, com a chegada de Cavaco Silva ao Poder Executivo com a ‘santa’
AD, o desregramento e caos laboral atingiram o clímax na atribuição de
subsídios para tudo e mais alguma coisa.
As regras
laborais distenderam-se em compadrios e em eleitos da mesma cor política.
E tal desregramento
- alargado a toda a sociedade em geral – expandiu fronteiras de interesses grupais
duvidosos com a chegada de comboios de dinheiro vindo da Europa Comunitária.
E, como todos
sabemos, foi um fartar de vilanagem. Subsidiou-se perdulariamente para tudo e
mais alguma coisa, sem qualquer interesse ou sustentação.
Subsidiou-se
para nada ser feito, porque os altos cargos de qualquer decisão nacional repartiram
entre si o melhor quinhão.
A pouca
indústria que havia – porque agora éramos ricos e estávamos no pelotão da frente
- foi-se; a frota pesqueira foi afundada; as poucas linhas de navegação
comercial – de mercadorias, passageiros e lazer – foram desbaratadas; as
fundações apareceram como cogumelos, em que a grande maioria não passa de fachadas
de negócios ilícitos que sorvem milhões ao Erário Público, tal como as
tenebrosas parcerias público privadas.
Resumindo: o
país necessita urgentemente de aumentar os postos de trabalho e não subsidiar o
ócio e a inactividade.
Se em 1974
existiam 5 trabalhadores para um reformado, hoje em dia existe uma igualdade –
um trabalhador no activo para um reformado.
E tudo
porque, para os roubos de topo não serem tão gritantes, subsidiou-se a sempre
dita arraia-miúda, para que tudo ficasse como dantes.
Assim, o
desfecho das más governações e das suas péssimas decisões está à vista.
A iliteracia
comportamental da sociedade em geral atingiu os limites do admissível, pois ‘nem
só de pão vive o homem’, uma vez que muitos dos mais carenciados são os que
mais desperdiçam, seguindo o exemplo despesista da máquina do Estado.
Termino afirmando
que o verdadeiro ditador do povo é esse mesmo povo, pois tem elegido os algozes
de si mesmo.
José Amaral
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