segunda-feira, 27 de julho de 2015

ÁGUA NO BICO

 A privatização de um bem tão indispensável à vida como é a água constitui um tal abuso de poder que só mesmo um povo completamente indiferente às malfeitorias que lhe preparam poderá deixar passar sem revolta.
Ao contrário do que muitas vezes dizemos, que nada cai do céu, estamos perante uma riqueza incalculável que cai literalmente do céu, pois não existe outra forma de haver água que não seja aquela que conhecemos, através das chuvas, só sendo preciso saber aproveitá-la e gerir com equidade  a sua distribuição.
Todavia, o que vimos verificando é que, naqueles municípios que alienaram os direitos do povo que os elegeu, transformando em negócio chorudo para privados uma importante parcela da sua soberania, anda tudo em estado de choque com as facturas obscenas que lhes aparecem em casa, mesmo quando nada encomendaram!
Àquelas famílias que tiveram de investir altas somas para ter em casa água canalizada, fazendo furos ou comprando nascentes que sobravam a outros,  por não haver distribuição pública, tem-lhes sido imposto, nalguns concelhos, o pagamento de uma factura, pelo distribuidor privado, a que chamam taxa de disponibilidade!
Quer dizer que mesmo que a pessoa não consuma uma gota da água deles, por já estar servida, a negociata que essas câmaras fizeram impõe o pagamento de uma taxa.
Dou comigo a pensar se esta brilhante ideia  não poderia ser aplicada a outras situaçoes, como, por exemplo, um desempregado que oferecesse a uma empresa a sua disponibilidade poder cobrar, caso não fosse contratado, uma taxa mensal…
A endeusada “iniciativa privada”- da qual o pensador Agostinho da Silva alertava para o que mais não seria do que privar de iniciativa milhões de seres humanos- quando mostra interesse em abocanhar importante sector estratégico, é certo e sabido que traz água no bico; daí que não surpreenda que até os chineses já estejam envolvidos neste autêntico “negócio de China”…

                                              Amândio G. Martins



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