A
privatização de um bem tão indispensável à vida como é a água constitui um tal
abuso de poder que só mesmo um povo completamente indiferente às malfeitorias
que lhe preparam poderá deixar passar sem revolta.
Ao contrário
do que muitas vezes dizemos, que nada cai do céu, estamos perante uma riqueza
incalculável que cai literalmente do céu, pois não existe outra forma de haver
água que não seja aquela que conhecemos, através das chuvas, só sendo preciso
saber aproveitá-la e gerir com equidade a sua distribuição.
Todavia, o
que vimos verificando é que, naqueles municípios que alienaram os direitos do povo
que os elegeu, transformando em negócio chorudo para privados uma importante
parcela da sua soberania, anda tudo em estado de choque com as facturas obscenas
que lhes aparecem em casa, mesmo quando nada encomendaram!
Àquelas famílias
que tiveram de investir altas somas para ter em casa água canalizada, fazendo
furos ou comprando nascentes que sobravam a outros, por não haver distribuição pública, tem-lhes
sido imposto, nalguns concelhos, o pagamento de uma factura, pelo distribuidor
privado, a que chamam taxa de disponibilidade!
Quer dizer
que mesmo que a pessoa não consuma uma gota da água deles, por já estar
servida, a negociata que essas câmaras fizeram impõe o pagamento de uma taxa.
Dou comigo a
pensar se esta brilhante ideia não
poderia ser aplicada a outras situaçoes, como, por exemplo, um desempregado que
oferecesse a uma empresa a sua disponibilidade poder cobrar, caso não fosse
contratado, uma taxa mensal…
A endeusada
“iniciativa privada”- da qual o pensador Agostinho da Silva alertava para o que
mais não seria do que privar de iniciativa milhões de seres humanos- quando
mostra interesse em abocanhar importante sector estratégico, é certo e sabido
que traz água no bico; daí que não surpreenda que até os chineses já estejam
envolvidos neste autêntico “negócio de China”…
Amândio G. Martins
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