segunda-feira, 27 de julho de 2015

Magia

Escrevo a propósito do discurso que Jorge Sampaio proferiu há poucos dias quando recebeu o Prémio Nelson Mandela ("consagração mundial de uma vida ao serviço da liberdade, da justiça e da democracia, no terreno concreto das grandes causas em que as Nações Unidas se envolvem").
Disse que o aceitou em nome de «milhões de pessoas comuns que por todo o mundo nunca desistiram das suas esperanças e sonhos (...)»; «as verdadeiras nomeadas para este prémio (...); «anónimos que trabalham contra tudo e contra todos»; «inúmeros voluntários»; «homens e mulheres, muitas vezes sem estudos, que garantem cuidados de saúde primários em bairros de lata, zonas rurais remotas»; «pessoas admiráveis empenhadas na construção de sociedades inclusivas, tolerantes e plurais; «capazes de compaixão, esperança, resistência, orgulho e sacrifício». 
Sampaio concluiu, descobriu, que é fundamental «polvilhar a vida pública e as relações internacionais» com um pouco de magia, e que essa magia existe em cada um nós.
Permitam-me uma pergunta inocente e tola: por que é que não há um notório reconhecimento e prémios entregues a esses anónimos, voluntários, homens e mulheres (muitas vezes sem escolaridade), ou seja, pessoas admiráveis e que operam milagres, fazem magia, em nome das quais Sampaio recebeu o prémio Mandela?

6 comentários:

  1. Talvez um dia alguém se lembre de construir um monumento ao altruista desconhecido...
    Amândio

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  2. Não posso estar mais de acordo! mesmo para receber prémios e uma palmada nas costas, pela "luta" pelas grandes causas, é preciso saber escolher o grupo de amigos que se frequenta.Eles medalham-se uns aos outros.
    Excelente texto.

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  3. Para além de concordar em absoluto com o texto, verifico que o Público também concorda, porque o insere na edição de hoje. Obrigado e parabéns.

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  4. Homens da envergadura de JORGE SAMPAIO são difíceis de encontrar nos tempos de agora. Mas que existem, existem.
    E ainda bem que sim, todavia é a escória que mais abunda em muitos topos de todos os poderes.

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