É preciso lata!
Passos reclama para si os louros da medida que ajudou a desbloquear o acordo com a Grécia, mas a imprensa internacional é unânime em destacar que Portugal foi o único dos países do sul que esteve ao lado da Alemanha na proposta de Schauble para expulsar a Grécia da Zona Euro.
Nestes 4 anos de desastrosas políticas de austeridade e empobrecimento sem fim, o primeiro-ministro habituou-nos à permanente opacidade da sua realidade virtual, e à força de tanto e tantas vezes distorcer os factos, a capacidade para repor a verdade começa a escassear aos portugueses que, perante tanta obstinação, encolhem os ombros.
O acordo, de que o megalómano dr Passos reclama a paternidade, é um mau acordo para os gregos que se encostaram à parede para não morrer pela espada da chantagem financeira dos bancos encerrados pela imposição de um dos instrumentos de repressão dos donos da Europa dos 19, o Banco Central Europeu. Este garrote bancário acentua a colonização dum país livre e soberano que há cinco anos é um protectorado do poderio imperial alemão.
Mas, não é apenas a Grécia que passa as passas do Algarve. Todos os países que cantando e rindo foram em busca do El Dorado da moeda única, estão hoje reféns de uma recessiva austeridade que empurra o projecto da construção europeia em torno da solidariedade, da paz e da justiça social para um tormentoso rio de desigualdades, que vai acabar por desaguar na desintegração da utopia de uma Europa unida, livre e fraterna.
Hoje a União Europeia, e em particular a Zona Euro, é uma espécie de “admirável mundo novo”, onde impera a formatação e a intolerância e onde de vez em quando são atribuídas rações de “soma” que vão mantendo as economias mais débeis e mais vilipendiadas, pela usura de ruinosos empréstimos, ligadas á máquina da sobrevivência.
“São as regras e as regras têm de ser cumpridas” diz o pensamento único dos “mercados”, que acrescenta: “as regras são o pilar do poder do centrão político”, que querem único e absoluto. Nesta conjuntura, todos os povos que se atreverem a escolher diferente são, simplesmente, perseguidos e humilhados. Até quando?
Carlos Pernes - Samora Correia
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