sábado, 18 de julho de 2015

ELEGIA A TROVELA


Ó Ribeira de Trovela
Vivo jardim de outrora
Ontem tão farta e bela
Quão desolada agora.
Árvores da nossa terra
Vítimas de surda guerra
Sem pruridos nem atritos
Trocadas por eucaliptos!
Com as últimas espigas
Foram-se as raparigas
Aves canoras que te poisavam
Com suas cantigas
Engana fadigas
O dia todo te animavam.
Já mal se ouvem tantas das aves
Rolas e pombos “bravos”
Oh, quantos agravos…
Já pouco mais resta
Na trista floresta
Que as saudades daquela festa.
Não negavas o que pediam
Quando de ti dependiam
As sucessivas gerações
De camponeses sem opções.
Foram-se esses que te amaram
E com carinho te cultivaram.
Hoje negam-te as sementes
E desviam-te as nascentes…
Já só te visitam
Contrariados
Para tapar os canos furados!

Nota – A Ribeira de Trovela nasce na Boalhosa, irrigou o que  em tempos foi o farto vale que lhe dá o nome, hoje desprezado, e desagua no Rio Lima, um pouco a jusante da vila de Ponte de Lima.
Amândio G. Martins


1 comentário:

  1. É o panorama geral do país, amigo Amândio. Fruto das imposições desta " União Europeia" gerida pelas famílias políticas dos "nossos" 3 partidos da tróica do arco (arco do poder).

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