Li recentemente na 'CICERO' - revista para
cultura política de origem alemã - um artigo intitulado:
O "guião"
para a crise na Grécia de Tomas Spahn: Tudo corre conforme planeado
O autor Tomas Spahn mostra uma perspetiva completamente diferente no que
concerne à crise na Grécia e os objetivos dos seus protagonistas gregos (O
primeiro-ministro Tsípras
e o ministro das finanças Varoufakis).
Tsípras e
Varoufakis,
dois gregos e líderes da extrema esquerda grega SYRIZA, sabem que a verdadeira razão
da crise ocidental (na Europa e nos EUA) é o não funcionamento do nosso sistema
monetário com juros
reais e positivos. Uma consequência deste sistema é que há
cada vez mais dinheiro em
circulação, mas que está concentrado em menos
pessoas.
Isto pode-se ver pelo protagonismo
cada vez maior dos bancos e o desaparecimento acelerado da
classe média na nossa sociedade ocidental.
Varoufakis,
muito inteligente e conhecedor profundo da 'Teoria dos jogos' de John
Nash, juntamente com Tsípras,
praticaram e continuam a praticar um jogo com a UE e o FMI, porque sabem
que vão ganhar. O objetivo deles é destruir o sistema financeiro de Wall
Street, destruindo primeiro o Euro e a UE e Wall Street seguirá mais
tarde!
Indicadores disto são alguns factos e comportamentos:
- Desde a vitória de Tsípras no
referendo popular, na Grécia, o governo grego esteve a negociar com a UE e
o FMI durante meses e só agora se veio a constatar que o governo grego não tinha plano B (O Grexit - a
saída da Grécia do Euro)!?
- Quando o parlamento em Atenas
votou a nova austeridade "imposta" por Bruxelas e a Troika
e as leis foram aprovadas, vê-se nas imagens dos media
mainstream o primeiro ministro Tsípras
muito bem disposto, a rir e a cantar vitória??
- Tsípras e
Varoufakis disseram
por diversas vezes que iriam implementar um plano no qual não acreditam?!
- Está-se a saber agora que as
leis aprovadas no parlamento em Atenas não correspondem ao acordado com os
credores. Entretanto os credores já transferiram 7.400 M€ de novos créditos
de emergência !?
É o sistema monetário
baseado em 'FIAT Money',
dinheiro criado a partir do nada e não baseado no ouro, que permite no nosso
mundo ocidental que:
- Políticos sem escrúpulos se
financiem em banqueiros sem escrúpulos para poderem mentir fazendo
promessas eleitorais que sabem que nunca irão cumprir
e que
- Políticos do poder sem
escrúpulos possam praticar guerras planetárias infindáveis e banqueiros
sem escrúpulos os financiam.
Se o nosso sistema monetário fosse
baseado no ouro, a quantidade de dinheiro é finita e ambas as situações não
seriam possíveis!
É a avidez insaciável do HOMEM que permite isto.
Karl Marx disse:
“Os homens vão vender os pregos para fabricar os
seus próprios caixões”!
Mas a humanidade está a mudar para mais espiritualidade e menos materialismo.
Isto pode levar anos, talvez décadas, mas vai acabar por acontecer cada vez
mais. As pessoas irão acabar por perceber isto!
Devemos praticar o BEM e
não combater o MAL com violência. Devemos praticar o BEM connosco próprios, na
nossa família, no nosso trabalho / empresa, com os nossos amigos, colegas e
vizinhos.
Leia o artigo em anexo, ele é uma alternativa ao que vem publicado nos usuais
media 'mainstream'!
Se este artigo despertou o seu interesse, encaminhe-o a todos os seus amigos e
conhecidos.
Um abraço amigo,
Gustavo Cudell
O guião de Syriza
para a crise na Grécia: tudo está a correr conforme o plano
De Tomas Spahn de 7 de Julho de 2015
(Tradução de Gustavo Cudell)
Como é pois agora o jogo, que Varoufakis concebeu? A Grécia não se afunda no
caos. Cada movimento, qualquer recusa e qualquer ilusão de uma vontade de
compromisso são bem ponderados e deliberados. O objectivo: a destruição da UE
como um único espaço económico.
O altamente inteligente e em contraste com muitas considerações não
"insano" jogo teórico do Varoufakis escreveram o guião para um grande
jogo, que no final irá destruir a UE e abalar a Wall Street até ao seu âmago. O
carismático Tsipras com o seu aparente charme de menino ingénuo assumiu aqui o
papel principal.
É um guião pensado/maquinado com muita perfeição e com o objectivo de causar a
falha do sistema financeiro mundial por si só. É um guião, onde a Europa e
Grécia são apenas os meios para um fim.
Vejamos alguns factos fundamentais que são indispensáveis para a compreensão do
plano Varoufakis.
1. A Grécia está tão
altamente endividada, que estas dívidas numa perspectiva realista nunca serão
pagas a 100 por cento, independentemente dos pacotes de resgate ou dos investimentos
que sejam financiados.
2. A Grécia permanecerá incapaz economicamente por tempo indeterminado, para
gerar apenas uma fracção do poder necessário e para assumir os seus próprios
gastos diários na prosperidade europeia.
3. A Grécia não pode ser expulsa do Euro/da UE devido à falta de uma cláusula
de saída. Na perspectiva grega, a alegada ameaça de Grexit não é senão um
sedativo para o público.
4. O Euro sem a Grécia seria significativamente mais forte e mais estável. Mas
falta a capacidade de afastar a Grécia.
5. Assim que a Grécia deixe de cumprir os seus empréstimos, o investimento do
Euro pelo BCE deixará de fluir. O resultado é a ameaça existencial de grande
parte da população até à agitação social.
Como é agora o jogo, que
Varoufakis concebeu?
O primeiro acto entretanto já nos é familiar. Ele significa tempo. Não é como
se esse tempo fosse pois curar ou quisesse curar alguma coisa. Mas poderia
aproveitar esse tempo para preparar a população grega para o segundo acto. E ao
mesmo tempo enganar os parceiros europeus, que são os adversários no primeiro
campo de batalha deste jogo.
Distração e engano
Foi também um acto de distracção. Os adversários deveriam manter a impressão,
tanto quanto possível, de que o novo governo grego estava interessado numa
solução sistémica. Por isso Tsipras, aparentemente um rapaz estúpido, que se
deixava guiar pela EU fora pela mão do chefe da UE, Jean-Claude Juncker, até
aparecer como um demónio infantil, que proporcionou confiança à tão adulta
Christine Lagarde de poder finalmente negociar com adultos.
Na verdade, o mimetismo grego funcionou na perfeição. Em todo o mundo se
espalhou a ideia, que os dois gregos ainda não tinham compreendido as regras do
mundo dos adultos. Mas eles entenderam. Melhor ainda do que aqueles que
acreditavam jogar pelas mesmas regras. Só que eles tinham decidido estabelecer
outras regras de jogo.
Uma delas era: engana o teu adversário enquanto podes “tirar o leite” através
desse engano. A ilusão de uma vontade de compromisso, que mais uma vez manteve
viva até ao último momento através da apresentação tardia das "propostas
de reforma dos gregos", assegurou que o BCE prolongasse a agonia dos
bancos gregos falidos com a injeção de dinheiro fresco. A ”Madame FMI” concedeu
às crianças no início de Junho mais um mês para serem crescidos.
Os dois gregos brincaram
com as instituições e com os seus representantes. E eles referiam-se à Wall
Street e aos Estados Unidos.
Capital financeiro
mundial como a origem de todo o mal
O alvo ainda válido do governo Syriza é a destruição da UE como espaço
económico único. Não porque temem a própria UE como um espaço económico, mas
porque para eles, a UE é nada mais do que a construção do polvo do mundo
financeiro dos EUA para manter a dependência colonial, imposta aos europeus em
1946. A política monetária do BCE, UE e FMI é a arma que impede os políticos de
esquerda para a inevitável vitória sobre o capital da história universal.
Tsipras e Varoufakis une a ideia do banco privado controlado pelo FED (Federal
Reserve Bank), como o instrumento responsável do imperialismo global dos EUA
para as derrotas do socialismo. A preocupação dos dois gregos não é angariar
facilidades para o seu povo. A ideia dos dois gregos é libertar este povo das
amarras dum sistema monetário mundial, que quer governar o mundo a partir dos
bastidores de Wall Street. Ambos os actores seguem sem limites a doutrina
segundo a qual o capital financeiro do mundo é a fonte de todo mal. E estão
totalmente convencidos de terem encontrado no Euro a alavanca para por este
sistema odioso em colapso.
Por isso nunca pode haver um acordo entre a Grécia e os investidores de
capitais. E por isso a Grécia nunca pode deixar a zona Euro. Por isso, ao mero
anúncio de uma Grexits forçada, Varoufakis salientou inviabilizar por processo
legal.
Pois os dois actores principais sabem que: a UE não pode deixar as pessoas
gregas morrer à fome. Haverá sempre dinheiro suficiente para não deixar a
Grécia escorregar no caos absoluto.
Modelo de recusa grego
Pretende-se que os gregos com base num agora inevitável nível de vida muito
menor, cultivem reflexos mordazes revolucionários e anticapitalistas.
Pretende-se assim, que surjam outros conflitos em outros estados membros da UE
entre a população e os políticos. Como uma bolha de pus duradoura no corpo da
Europa, o modelo grego de recusa deve servir como exemplo aos povos
subjugados/oprimidos pelo capital do mundo.
Assim, não só a Europa deve ser levada à autodestruição - no fim o inimigo
mortal os EUA será também atingido. Pois o Euro e o Dólar são instrumentos do
mesmo sistema: a fé capitalista ao serviço do dinheiro, o qual existe cada vez
mais e que está concentrado em cada vez menos pessoas.
Tsipras e Varoufakis estão convencidos de que a sua luta contra o capitalismo
de Wall Street é justa. Estão convencidos, de que será bem sucedido, se eles
conseguirem manter a Grécia no Euro e forçar a Europa a subsidiar a longo prazo
o seu estado enfermo. Sonham em ajudar o Marxismo para o sucesso final após a
sua fase de fraqueza no final do século XX.
Apoio de Putin
Os dois gregos têm boas chances de alcançar o seu objetivo. Porque com a sua
peça de teatro conseguiram, apesar da pouca experiência política e como
iniciantes, enganar perfeitamente os europeus e americanos – asseguraram-se com
o apoio de Vladimir Putin, que também persegue o objectivo da destruição da
economia global gerida pelos EUA.
BCE e o Euro devem perecer por si próprios. Devem humilhar globalmente o
sistema financeiro dos EUA e apontar a alternativa de recusa aos povos
subjugados/oprimidos pelo FMI.
O “OXI” (não) dos gregos para as exigências da UE também mudou pouco, assim
como a demissão de Varoufakis. Pelo contrário, é de esperar que o jogo
continuará também depois da demissão do Varoufakis. Novamente haverá - agora
sem o economista na vanguarda - o jogo do gato e do rato já familiar entre os
rivais. E seguindo o padrão bem conhecido, as causas para o maior agravamento
da situação dos gregos serão da culpa dos europeus e do capital mundial dos
EUA.
Quem pensa que a demissão de Varoufakis mudará a incapacidade induzida
deliberadamente para a resolução do problema, não compreendeu o jogo. O teórico
do jogo retirou-se da primeira fila, para sugerir aos adversários novas
expectativas. E assim atrai-os ainda mais para dentro da armadilha, na qual eles
foram apanhados já há muito tempo.
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