A pobre contou que entrara a servir aquela senhora em 1914, pouco antes da guerra. Tinha chegado da província, uma criança, vinha com os olhinhos tapados. A senhora ofereceu-lhe dois e quinhentos por mês: não era mau para começar, mais de meia libra por mês, naquele tempo! Ficou. A senhora disse-lhe assim: “Quando precisares de alguma coisa, quem ta compra sou eu. Nas lojas roubam-te. E de que precisas tu? Eu dou-te estas meias, dou-te esta saia, está usada, mas tu mesma a podes arranjar ao serão, não tendo mais que fazer. Fica nova! As modistas são umas ladras.” Dava-lhe os sapatos gastos, as camisas a desfazer-se, os trapos inúteis. “O teu ordenado vai para o banco. Quando saíres da MINHA casa tens um pé de meia!”
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terça-feira, 28 de julho de 2015
Uma verdadeira mãe
A pobre contou que entrara a servir aquela senhora em 1914, pouco antes da guerra. Tinha chegado da província, uma criança, vinha com os olhinhos tapados. A senhora ofereceu-lhe dois e quinhentos por mês: não era mau para começar, mais de meia libra por mês, naquele tempo! Ficou. A senhora disse-lhe assim: “Quando precisares de alguma coisa, quem ta compra sou eu. Nas lojas roubam-te. E de que precisas tu? Eu dou-te estas meias, dou-te esta saia, está usada, mas tu mesma a podes arranjar ao serão, não tendo mais que fazer. Fica nova! As modistas são umas ladras.” Dava-lhe os sapatos gastos, as camisas a desfazer-se, os trapos inúteis. “O teu ordenado vai para o banco. Quando saíres da MINHA casa tens um pé de meia!”
3 comentários:
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