O PM
terá afirmado ao "Jornal de Negócios", a propósito da capitalização
da CGD pelo seu único accionista (Estado português), o seguinte. "...Era
suposto que a CGD tivesse podido já obter resultados que permitissem fazer uma
parte desse reembolso. Preocupa-me e espero que a administração da CGD não
deixe de executar as operações que forem necessárias e que permitirão fazer o
reembolso desse valor que foi investido na capitalização da Caixa e que o foi
apenas na circunstância de o devolver com os juros que foram estabelecidos para
todos os bancos nos quais o Estado entrou..." (fim de citação). Se forem
exactas estas declarações, considero, na minha modesta opinião, que o PM foi
absolutamente irresponsável, em proferir tais afirmações em público. Os assuntos
da Banca, são por sua natureza sigilosos, dado o reflexo que declarações ou
tomadas de posição de agentes económicos ou da Administração, podem de imediato
influenciar o valor dessas instituições, quer estejam cotadas ou não. As
agências de rating exercem a sua actividade, exactamente para aconselharem os
investidores sobre o estado das empresas e Estados que observam. Uma afirmação
destas fará tremer todos aqueles que depositaram dinheiro na CGD, e
eventualmente os maiores investidores estarão neste momento a transferir as
suas aplicações para a concorrência. Se o governo quiser levar avante a sua
(incompreensível) ideia de privatizar a única instituição financeira do Estado,
deu agora uma excelente ajuda a quem quiser comprar barato. É o chamado
"tiro no pé", no vulgo do povo. Se PPC fosse o CEO de uma
SGPS privada que controlasse a CGD, os accionistas da primeira teriam aqui
uma boa justa causa para despedimento sumário. Claro que o povo português o
poderá também despedir na "Assembleia Geral" de 4 de Outubro.
Infelizmente para o País, os "accionistas" propostos para a
"nova administração", não parecem saber fazer melhor que PPC. E assim
provavelmente, na hora da decisão, irão optar pelo incompetente que conhecem
melhor e a que já se habituaram nestes últimos 4 anos. Haja Deus!
OBS. Esta carta foi (parcialmente) publicada na edição do EXPRESSO de 8/8/15.
Certas afirmações de políticos (ir)responsáveis atestam uma dose de infantilismo, pois para exaltarem os méritos dos seus apaniguados ou o demérito de adversários, não alcançam que podem prejudicar o país no seu todo. Se a CGD é o banco estatal, logo pôr em dúvida a administração deste, é criar um mau ambiente à sua volta que virá a reflectir-se no próprio Estado, até a nível internacional. Como intelectualmente são fracos só sabem ver o jogo com as cartas que têm na mão.
ResponderEliminarJoaquim, custa-me dizer isto, mas só por esta irresponsabilidade, deveria ser chamado à A.R. e confrontado com dureza. E olhe que eu votei nele...
ResponderEliminarQue pena ! Parabéns pela sinceridade.
EliminarSabe, Arlindo, eu paguei e pago o meu preço por ter sido sempre independente dos partidos, e não ter nenhuma "cartilha" a que obedecer, por isso escrevo o que penso, "tout court". Mas detesto quem critica os que hoje têm o poder, desculpabilizando outros, que quando o tiveram, fizeram o mesmo, ou pior...
EliminarSendo o objectivo há muito anunciado privatizar a Caixa, descridibilizar a gestão pública costuma ser o caminho...
ResponderEliminarAmândio
Publicado hoje, dia 8.08.2015, no Expresso.
ResponderEliminarObrigado, Amigo Joaquim. Sempre atento com os seus companheiros de escrita. Bom fim de semana e abraço.
EliminarAcerca da publicação (cirúrgica ) no EXPRESSO, tomei boa nota da excisão dos comentários no fim da carta, sobre o PM e o seu opositor. Nada que me tenha surpreendido. Eu escrevo o que me vai na alma, nunca com a preocupação de ser "asséptico" e publicado. Pensava que isso era só no tempo do "fascismo", afinal estava bem enganado...
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