quinta-feira, 30 de julho de 2015

O PM E A CGD

O PM terá afirmado ao "Jornal de Negócios", a propósito da capitalização da CGD pelo seu único accionista (Estado português), o seguinte. "...Era suposto que a CGD tivesse podido já obter resultados que permitissem fazer uma parte desse reembolso. Preocupa-me e espero que a administração da CGD não deixe de executar as operações que forem necessárias e que permitirão fazer o reembolso desse valor que foi investido na capitalização da Caixa e que o foi apenas na circunstância de o devolver com os juros que foram estabelecidos para todos os bancos nos quais o Estado entrou..." (fim de citação). Se forem exactas estas declarações, considero, na minha modesta opinião, que o PM foi absolutamente irresponsável, em proferir tais afirmações em público. Os assuntos da Banca, são por sua natureza sigilosos, dado o reflexo que declarações ou tomadas de posição de agentes económicos ou da Administração, podem de imediato influenciar o valor dessas instituições, quer estejam cotadas ou não. As agências de rating exercem a sua actividade, exactamente para aconselharem os investidores sobre o estado das empresas e Estados que observam. Uma afirmação destas fará tremer todos aqueles que depositaram dinheiro na CGD, e eventualmente os maiores investidores estarão neste momento a transferir as suas aplicações para a concorrência. Se o governo quiser levar avante a sua (incompreensível) ideia de privatizar a única instituição financeira do Estado, deu agora uma excelente ajuda a quem quiser comprar barato. É o chamado "tiro no pé", no vulgo do povo. Se PPC fosse o CEO de uma SGPS privada que controlasse a CGD, os accionistas da primeira teriam aqui uma boa justa causa para despedimento sumário. Claro que o povo português o poderá também despedir na "Assembleia Geral" de 4 de Outubro. Infelizmente para o País, os "accionistas" propostos para a "nova administração", não parecem saber fazer melhor que PPC. E assim provavelmente, na hora da decisão, irão optar pelo incompetente que conhecem melhor e a que já se habituaram nestes últimos 4 anos. Haja Deus!

OBS. Esta carta foi (parcialmente) publicada na edição do EXPRESSO de 8/8/15.

8 comentários:

  1. Certas afirmações de políticos (ir)responsáveis atestam uma dose de infantilismo, pois para exaltarem os méritos dos seus apaniguados ou o demérito de adversários, não alcançam que podem prejudicar o país no seu todo. Se a CGD é o banco estatal, logo pôr em dúvida a administração deste, é criar um mau ambiente à sua volta que virá a reflectir-se no próprio Estado, até a nível internacional. Como intelectualmente são fracos só sabem ver o jogo com as cartas que têm na mão.

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  2. Joaquim, custa-me dizer isto, mas só por esta irresponsabilidade, deveria ser chamado à A.R. e confrontado com dureza. E olhe que eu votei nele...

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    1. Que pena ! Parabéns pela sinceridade.

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    2. Sabe, Arlindo, eu paguei e pago o meu preço por ter sido sempre independente dos partidos, e não ter nenhuma "cartilha" a que obedecer, por isso escrevo o que penso, "tout court". Mas detesto quem critica os que hoje têm o poder, desculpabilizando outros, que quando o tiveram, fizeram o mesmo, ou pior...

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  3. Sendo o objectivo há muito anunciado privatizar a Caixa, descridibilizar a gestão pública costuma ser o caminho...
    Amândio

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    1. Obrigado, Amigo Joaquim. Sempre atento com os seus companheiros de escrita. Bom fim de semana e abraço.

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  5. Acerca da publicação (cirúrgica ) no EXPRESSO, tomei boa nota da excisão dos comentários no fim da carta, sobre o PM e o seu opositor. Nada que me tenha surpreendido. Eu escrevo o que me vai na alma, nunca com a preocupação de ser "asséptico" e publicado. Pensava que isso era só no tempo do "fascismo", afinal estava bem enganado...

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