quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Já vai tarde

Nos quarenta anos que já levamos de regime democrático, pude assistir à ascensão e queda de vários lideres políticos, alguns deles notórios aldrabões, mas nenhum outro me causou tanto nojo como esse borra-botas de Coelho que agora sai cabisbaixo, pela porta pequena e com o rabicho entre as pernas...

E contudo não desejo para ele nada que se compare ao mal que fez a milhões de portugueses; sai humilhado, sim, e dá-me imenso gozo vê-lo saír desta forma, mas é a paga pela desonestidade, arrogância e falta de escrúpulos com que se comportou antes e depois de chegar a chefe de Governo!

Havia em Portugal um Governo legítimo, que se preparava para enfrentar a grave crise que do exterior foi criada; tinha um programa aprovado pelos parceiros europeus, que não passava pela intervenção externa no país, mas ao demagogo sem escrúpulos entrevia-se a oportunidade de subir ao “Olimpo”, e aliado a bloquistas e comunistas – ali já não era um pacto com o diabo, só o é a aliança estratégica que agora vigora- conseguiu concretizar a suprema ambição.

A instabilidade política por si criada levou as agências que regem o capitalismo a desacreditar a dívida portuguesa, que ao tempo não chegava nem a 100% do PIB, tornando os juros do financiamento insustentáveis, de que resultou o forçado pedido de ajuda, que lhe deu argumentos para que passasse à baixa política, atacando o adversário com acusações de bancarrota, palavrão com que nunca deixaram de encher a boca até aos últimos dias.

Que vá para bem longe daqui, como fez a centenas de milhar de jovens em desespero, e que não apareça por cá tão cedo!

Amândio G. Martins



4 comentários:

  1. Quem fez bem aos milhões de portugueses foi o Sócrates e a sua equipa, onde o número 2, era o actual primeiro-Ministro, António Costa, que colocou o país à beira da bancarrota e que para tal não sucedesse, negociámos com a Troika. Eu sou socialista, voto socialista, mas não vivo na área da mentira ou da conveniência. O Costa, está a fazer um bom trabalho, com a casa quase arrumada, mas, quem teve de juntar os cacos de tanta loiça partida, foram os outros. A verdade deve sempre estar entre nós e os erros dos outros não fazem de nós sábios.Não é obrigatório estarmos sempre de acordo. Um abraço ao Amândio que luta também por um mundo melhor.

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    1. Embora saiba que o meu obrigado que vou deixar possa trazer-lhe amargos de boca, seria no entanto cobarde não lhe manifestar o meu apreço pela sua coragem ao dar-nos o seu comentário educado, sem ódios, sem rancores, ao contrário de quem se gaba de ser praticante religioso mas que verte ódio por todos os poros o que me leva a dar razão àqueles que criticam a beatice fanática, enquanto que o senhor Tapadinhas, que agnóstico e socialista, é imparcial e por isso o meu muito obrigado e a maior admiração.

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  2. Duvido que, hoje em dia, haja algum socratista “desinteressado”. O homem caiu, e muito bem, no desamor nacional. Nunca me convenceu, sempre o considerei um renegado, de socialista arvorou apenas o nome. Tanto como Passos Coelho o foi relativamente à social-democracia. Portanto, a um e a outro, só se perdem as pancadas que caem no chão. Aliás, considero-os da mesma escola ideológica. Mas custa-me constatar o esquecimento generalizado de que o endividamento crescente e desmesurado a que Sócrates deu impulso se deveu, fundamentalmente, às “ordens”, na altura, de Bruxelas e Berlim. Verdade seja dita que essas “ordens” deviam ser música para os ouvidos dele. Sócrates merece o repúdio que “conquistou”, mas por muitas outras razões.

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  3. O PS e PSD (bloco central), com ou sem a muleta do CDS, são os responsáveis pela situação a que chegamos. 40 anos a governar é muito tempo... Em 2015, o PS um pouco desafiado pelo PCP, logo na noite eleitoral, fugiu ligeiramente ao ADN das suas práticas e orientações políticas de sempre, donde resultou o actual governo. Vamos aguardar que resultados eleitorais não o façam retroceder...

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