domingo, 8 de outubro de 2017

                                      Dos pequenos grandes poderes

Num livro divertidíssimo editado em Portugal pela “Planeta”, John Cleese, dos Monty Python, descreve os mais inacreditáveis episódios por que passou ao longo da vida, de que tomei a liberdade de “escolher” o que segue, por demonstrar ser possível encontrar um burocrata idiota em qualquer parte do mundo, desde o sítio mais recondito à mais evoluída das nações.

“Por causa de um novo espectáculo, tive de recorrer a um Gabinete de Imigração em Chicago para prolongar o meu visto de trabalho; esperava que aquilo  não fosse mais que uma questão de rotina e preenchi cuidadosamente o formulário, que entreguei ao funcionário da Imigração, um tipo com cerca de cinquenta anos, a que se seguiu o seguinte diálogo:
-Você é britânico?
-Sim.
-O que é isto, então?
-Isso é a minha nacionalidade.
-Você disse que era britânico.
...Sim, e então?
-Você é ucraniano?
...Ucraniano?
-Aqui está escrito “UK”.
-Ah! Não, isso é Reino Unido.
-O... quê?
-Reino Unido. Inglaterra, Escócia, País de Gales...
-UK é Ucrânia.
-Não. Está a ver quando há debates no Conselho de Segurança, o embaixador britânico tem um pequeno letreiro à frente que diz “United Kingdom? UK...
-UK é Ucrânia. Você é ucraniano?
-Não, mas...
-Corrija isso, por favor. Há uma lei contra dar informações falsas.”

Este membro do famoso grupo humorista britânico revela a sua incredulidade porque a pessoa com quem falava era funcionário com experiência, um homem cuja profissão já levava muitos anos de interacções com cidadãos estrangeiros...

“E ele não estava só “convicto” de que UK era uma abreviatura de Ucrânia. “Sabia” que era asssim com o mesmo grau de certeza que tinha quanto à realidade da sua própria existência. Ali estava um idiota de uniforme do mais alto nível, tão incomparavelmente bronco que não tinha disso a mais ínfima noção!


Amândio G. Martins






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