Tanta coisa está a acontecer que é
difícil falar dos nossos sonhos. Sim: daquilo que gostávamos que acontecesse,
das esperanças de uma vida tranquila, de certezas de futuro traçado a pouco e
pouco mas seguro, para depois termos tempo para deixar os dias espreguiçarem-se
na companhia da Família.
Todos os dias somos esmagados pelas
notícias que o nosso País tem uma grande divida e por isso uma grande parte dos
portugueses têm de passar fome. Não há empregos e por isso todos os dias muitos
dos nossos conhecidos vão pelo mundo fora à procura de salários. Famílias
desmembradas, avós que choram todos os dias (ah! mas podem acompanhar os netos
pelo skype (?) rematam os insensíveis). Divida? E não se poderia encontrar
caminhos que não nos esmagassem tanto? Claro que há outros rumos e até há
cidadãos da direita e da esquerda que nos apontam outras politicas. Mas .. o
governo é surdo.
Por exemplo: aqui à nossa
porta mesmo que se queira ignorar as reclamações do lixo que se acumula nas
nossas ruas, acabamos por parar e perguntar: porque não há mais pessoal para
manter as nossas terras mais limpas? Havendo tanta pessoa sem emprego, tantas
filas de pessoas implorando por um salário porque se continua a proibir – sim
proibir – que seja contratado mais pessoal?
Depois temos um ataque
cerrado ao funcionalismo público e para mostrar que poupam o governo manda tudo
para a rua e os funcionários que ficam, são sobrecarregados com horas extras que
em muitos casos não são remuneradas. Mas lá cortar nos gabinetes dos ministros…
A net dá-nos informações sobre as nomeações que são feitas e o valor dos
vencimentos. Dizem as más-línguas que são jovens da cor politica e que depois de
uma “carreira” de apoio em comícios têm de ter emprego. Não posso estar contra o
“emprego” mas se calhar não será correcto privilegiar uma determinada cor
politica.
Depois temos a necessidade
de aumentar a produção nacional dos bens que consumimos todos os dias e até que,
dadas as nossas especificidades, poderíamos exportar. E temos o Mar. Tantas
vezes a dizermos a mesma coisa. Mar não é só praia ou turismo é também pesca
para nos alimentarmos.
Porque não se fazem debates na
comunicação social sobre estes assuntos, não com doutores formatados que debitam
umas já estafadas teorias, mas com cidadãos comuns que estão bem informados e
vivem o dia a dia dos problemas. Porquê?
Publicado no Jornal Costa do Sol de 2 de Julho 2014
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