sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

MY MIDDLE NAME IS "CHARLIE"

Desde o fatídico dia em que o mundo acordou com o horror dos acontecimentos em França, tenho andado, entre o espanto e a dor tentar processar o que se está a passar.

A horrenda e mediática morte daquelas 12 pessoas e a destruição de um emblemático jornal  que, enquanto existiu, marcou a diferença por ousar usar o humor como arma de reflexão, primeiro deixou-me apreensiva mas depois tornou-me , a mim e espero que a muitos outros cidadãos do mundo, qualquer que seja a raça ou credo, mais fortes.

Sempre me considerei uma pessoa tolerante, com espaço interior para acolher a diferença e tentar entendê-la, mesmo que a minha praxis tenha por base valores diferentes dos do meu interlocutor. Esta forma de estar na vida, é, na minha modesta opinião, uma forma de ser livre e de fomentar a liberdade, porque se baseia no respeito pelo outro que não pensa como eu e incute no outro a sensação de poder ser genuíno porque não será julgado ou condenado por isso.

Quando ficamos reféns seja do que for, a nossa conduta passa a ser dominada pelo medo do outro, pelo medo de dar opinião, pelo medo de pensar…deixamos de ser gente e passamos a ser escravos.

Os jornalistas que morreram esta semana em França não eram ingénuos – sabiam o mundo em que viviam e os riscos que corriam por não abdicarem de ser livres – viveram como a sua consciência lhe ditou e morreram a fazer aquilo em que acreditavam – a diversidade de opinião e a tolerância.

Morreram homens livres, no pensamento e na acção e deixaram à França e ao mundo uma mensagem muito clara – sem tolerância não existe respeito e sem respeito não existe liberdade. Eram provocatórios sim, mas não entendo que fossem ofensivos, embora respeite quem pense de outra forma. 

No que a mim me diz respeito tenciono honrar o legado de “Charlie” esmagando, primeiro dentro de mim e depois através do exemplo, quaisquer sentimento de vingança ou de incentivo à intolerância seja qual for a sua vestimenta - religiosa, racial, política. Os que morreram certamente quereriam tudo menos isso e se não formos capazes de ceder à tentação da intolerância seremos tão criminosos como os que cometeram aquela atrocidade.


My middle name is “Charlie”…but i'm, not naif.

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