Desde o fatídico dia em que o
mundo acordou com o horror dos acontecimentos em França, tenho andado, entre o
espanto e a dor tentar processar o que se está a passar.
A horrenda e mediática morte
daquelas 12 pessoas e a destruição de um emblemático jornal que, enquanto existiu, marcou a diferença por
ousar usar o humor como arma de reflexão, primeiro deixou-me apreensiva mas
depois tornou-me , a mim e espero que a muitos outros cidadãos do mundo,
qualquer que seja a raça ou credo, mais fortes.
Sempre me considerei uma pessoa
tolerante, com espaço interior para acolher a diferença e tentar entendê-la,
mesmo que a minha praxis tenha por base valores diferentes dos do meu interlocutor.
Esta forma de estar na vida, é, na minha modesta opinião, uma forma de ser
livre e de fomentar a liberdade, porque se baseia no respeito pelo outro que
não pensa como eu e incute no outro a sensação de poder ser genuíno porque não
será julgado ou condenado por isso.
Quando ficamos reféns seja do que
for, a nossa conduta passa a ser dominada pelo medo do outro, pelo medo de dar
opinião, pelo medo de pensar…deixamos de ser gente e passamos a ser escravos.
Os jornalistas que morreram esta
semana em França não eram ingénuos – sabiam o mundo em que viviam e os riscos
que corriam por não abdicarem de ser livres – viveram como a sua consciência
lhe ditou e morreram a fazer aquilo em que acreditavam – a diversidade de
opinião e a tolerância.
Morreram homens livres, no
pensamento e na acção e deixaram à França e ao mundo uma mensagem muito clara –
sem tolerância não existe respeito e sem respeito não existe liberdade. Eram
provocatórios sim, mas não entendo que fossem ofensivos, embora respeite quem
pense de outra forma.
No que a mim me diz respeito
tenciono honrar o legado de “Charlie” esmagando, primeiro dentro de mim e
depois através do exemplo, quaisquer sentimento de vingança ou de incentivo à intolerância seja qual for a sua vestimenta - religiosa, racial, política. Os que morreram certamente quereriam tudo menos isso e
se não formos capazes de ceder à tentação da intolerância seremos tão
criminosos como os que cometeram aquela atrocidade.
My middle name is “Charlie”…but i'm, not naif.
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