Eu não sei, ignoro mesmo, que quantidade de gente é salva de todos os males e mazelas, quando por jura, promessa ou convicção, mete os pés ao caminho para se arrastar e ajoelhar aos pés da santa aparecida na copa da azinheira ou simples nuvem. E em perigos esforçados e grupos organizados lá vão pela berma das estradas ou por vias alternativas e bem estudadas pelas autoridades de trânsito que as aconselham, mas rejeitadas do mapa dos caminhantes. Mas penso saber quantos mortos tal fé que os acompanha, provoca, na ida e depois no regresso ao ponto de partida, e aonde seriam esperados pelo resto da família que tanta sorte lhes desejou e que por eles se recomendou. Chamam-lhes peregrinos ao princípio. Depois contabilizam-nos como vítimas de acidente ou do infortúnio. Portugal é um país bem pequeno, que melhor dava para estar bem mais ordenado e orientado, e não tanto a viver em desespero.
Temos condições que cheguem, mas incumprimentos que sobram. E tanto faz falar sobre estes acontecimentos mortais em busca da salvação passo a passo, como daqueles casos que são amiúde badalados sobre famílias carenciadas e desestruturadas com crianças e adolescentes, sinalizadas e ressinalizadas, registadas ou postas sob observação técnica e especializada, que morrem por entre a desgraça do abandono e a miséria dos apoios por Organismos oficiais, que nem sabemos se existem ou se são anedota. Maio, mês da mãe e de outras bençãos, até é um mês lindo para dar uns bons passeios pelos parques e até pelos adros das igrejas, e rezar o terço ao mesmo tempo que olhamos o céu. O que é certo, é que as tragédias repetem-se por sagrados trilhos e sarilhos, e o país das promessas segue morrendo sem dar sinais de melhoras a cada passada, em cenário nenhum, nem sequer no asfalto da espiritualidade. Somos um país fatal e sempre notícia por razões rasteiras, administrações públicas podres e sob a alçada das polícias que nos olham impotentes.
Um país ao encontro das mesmas orações, que não nos tiram do mau caminho nem do pecado, despedaçados ou a viver com o credo na boca, sempre, e por entre o abuso e o medo dos dirigentes de tão lamentável destino colectivo.