O primeiro ministro António Costa (AC) e o historiador Rui Tavares (RT) estão envolvidos numa troca "epistolar", iniciada pelo segundo, replicada pelo primeiro e já com tréplica de RT. Tudo no PÚBLICO, já com três dias de evolução. E não se vê fim à coisa, pois o assunto é muito difícil: conciliar os "valores" do segundo com a "realpolitik" do primeiro. Mais a mais quando os "valores" de RT - rejeição da "chantagem" da Hungria - também também estão eivados de alguma "chantagem" sobre os restantes países de fora do Eurogrupo.
A coisa é assim: RT critica aquilo que considera cedência de AC ao visitar a Hungria e se ter "prestado" a separar " Estado de Direito" e " Fundo Financeiro de Recuperaçao da UE", tentando assim evitar o voto contra este último por parte de Viktor Orban, à custa do "perdão" da UE às diatribes anti-democráticas deste senhor, que poderiam chegar à expulsão da Hungria deste nosso espaço comum; AC responde dizendo diz que o faz para salvar o dito Fundo, que beneficiará todos os 27 paises, pois já basta a oposição dos "frugais" ricos do norte que fazem oposição à iniciativa de Merckel, Macron e Úrsula, estes por razões económicas, impróprias de uma União.
No meio deste diálogo nacional, que parece inconciliável, RT introduz uma táctica que aconselha a AC ( e à UE...) mas que, na minha óptica, introduz.... outro tipo de "chantagem", agora a outros: propõe que somente os 19 países da Zona Euro recebam do Fundo de Recuperação, com o intuito de levar os outros 7 países a serem eles a fazer pressão sobre a Hungria - o oitavo - para não votar negativamente o Fundo pois.... também eles ficariam a tinir sem qualquer "cacau"...
A Europa numa encruzilhada. A ver vamos como se desenrolam as coisas nestes dois dias, com a certeza que se joga muito mais que "dinheirinho" e.... há que ter a "cabeça e os "ditos" no sítio" de modo a que possa haver uma solução para Europa. Ficam os meus votos.
Fernando Cardoso Rodrigues
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