quinta-feira, 30 de julho de 2020

Faculdades de Medicina privadas: percebe-se ou nem por isso?

A pergunta é extensa mas não consigo outro modo de a formular. E o assunto é candente, ou o jornal Público não faria manchete com ele no dia de hoje (25/7) e muito menos o "relacionaria", pertinentemente, com as vagas nas Faculdades de Medicina existentes e mesmo com a falta de candidatos a "concursos" ( sazonais...) médicos no Algarve. Ciclicamente fala-se na intenção da Universidade Católica em ter uma Faculdade de Medicina e a resposta, por parte da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior ( A3ES), presidida por Alberto Amaral, tem sido um rotundo NÃO, acolitada pela Ordem dos Médicos (OM). Este ano o Ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor (MH) "sugeriu" que se abrissem mais 251 vagas nos cursos já existentes, mas todas as Faculdades disseram... "nem mais uma" !
Poder-se-ia dizer que o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas ( CEMP ) veio então dar mais força à A3ES, ao seu presidente e à OM, mas... o Público também diz que MH "estimulou" (sic) a U. Católica a nova tentativa de licenciar médicos ! E aqui começo a "interrogar-me".... sabendo eu que vão aparecendo na comunicação social , textos de professores jubilados das Faculdades de Medicina e de outros médicos "políticos" a apoiar a criação de idênticas privadas e, também sabendo da apetência dos mesmos e de outros ainda no activo para "partilha" das suas funções, será que o "jogo" está a ser limpo de influências de poderes fácticos?... Aquilo que parece um ou mais "nãos" nas vagas, poderá ser somente táctico para se transformar num "sim" à... "inevitabilidade" de abertura de Faculdades privadas? Honi soit qui mal y pense....

P.S. ( 30/7): acabo de ler, em "rodapé", na RTP, que o ministro Manuel Heitor disse que " o problema das vagas está ser pressionado por interesses corporativos" (sic). Pressão de quem e sobre quem? Parece-me ser pertinente esta pergunta, dado o que atrás escrevi.

NOTA: o texto acima, excepto o "post scriptum", foi enviado ao "Cartas ao Director" do Público no    dia da sua escrita, mas não mereceu publicação.

Fernando Cardoso Rodrigues

2 comentários:

  1. As faculdades de Medicina inadmissível e incompreensivelmente recusam-se a abertura de 250 vagas propostas pelo Governo, quando há falta de médicos especialistas, só nas especialidades de medicina geral e familiar e anestesiologia faltam no SNS mais de mil médicos. No Algarve houve um concurso para 60 vagas e não apareceu ninguém. A verdade é que há falta de médicos em Portugal. Aqueles que apoiam a não abertura da vagas, como a Ordem dos Médicos e o Conselho das Escolas Médicas, são os que defendem ao mesmo tempo que se abra os cursos de medicina nas universidades privadas. São os que não desistem de alargar e reforçar o negócio privado da saúde e doença com prejuízo da maioria da população.

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  2. Há coisas em que o Ernesto estará certo, outras nem tanto e outras... não lhe sei dizer. Porque eu próprio ainda ando à procura, como se vê pelo meu texto...

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