sexta-feira, 31 de julho de 2020


“Mascarilla milagro?”


A malfadada pandemia, ao mesmo tempo que põe de pernas para o ar a vida de tanta gente, é também o “pão com manteiga” de muitos outros, que partiram logo em busca de tirar do problema bom partido; é o caso daquela empresa de Santo Tirso que, desde abril passado, vem fabricando com sucesso uma máscara que não só lhe permitiu tirar do “layoff” 500 pessoas, como protege do vírus quem a usa e o inactiva em pouco tempo, mesmo depois de sujeita a mais de cinquenta lavagens.

Como tamanhas vantagens por tão pouco dinheiro – apenas dez euros – teria forçosamente que despertar atenção, vi um dia destes a dita máscara “escalpelizada” numa TV espanhola, que convidou uma especialista para debater o tema, a que deram o título de “Mascarilla milagro?”; e a tal senhora, de nome Deborah Garcia Bello, mesmo sem dispor de nenhuma ali, apenas imagens, reduziu a “pó de traque” o artefacto português, deixando claro que não passava de “un fraude”, que nem estava homologada oficialmente em lado nenhum, pelo que aconselhava a que não comprassem aquilo, para gáudio dos restantes convidados, que concordaram totalmente.

Ora bem: diz a notícia do JN que a “nossa” máscara superou com sucesso os testes realizados pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, intervindo o investigador  e virologista Pedro Simas na análise à capacidade de travar o vírus, tendo sido observada uma redução de 99% ao fim de uma hora; todavia, para aquela gente que na TV “La Sexta” dedicou um bom bocado de tempo ao assunto, podia lá ser que em Portugal tivessem “descoberto a pólvora”, embora também não apresentassem nenhuma evidência de que não é verdade a informação que acompanha a máscara, para a qual trabalhou também a Universidade do Minho...


Amândio G. Martins



4 comentários:

  1. Desde 1640 que "nuestros hermanos" não param de verter lágrimas de crocodilo.

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  2. Mais uma história "desencontrada" desta pandemia...

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  3. O que me surpreendeu mais foi a preocupação de todos em "demolir" a máscara; de facto, tendo sido convidada uma pessoa da investigação científica, tinha todo o sentido que a conversa fosse dirigida para a investigação que se impunha fazer e só depois, com dados fiáveis, reprovar ou aprovar...

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    1. Pois esse é que é mesmo o ponto! E preocupante, pois dá força a todo o tipo de "saberes"....

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