Barbaridade “privada”!...

“Zapeando” pelas televisões à hora dos noticiários das 8, fiquei de “tromba” a ver o que era mostrado no canal 1 da RTP: um incêndio que terá começado em Valongo e entrou pelos montes de Santo Tirso, atingiu um canil “privado” onde penavam cerca de duzentos animais; um grupo de voluntários amigos dos ditos que, pelo que percebi, já vinha observando as condições em que ali viviam tantos cães, acorreu a soltá-los para que não morressem ali estorricados.

Por incrível que possa parecer, viu-se a GNR, chamada pela dona daquilo, a impedir que os tais voluntários rompessem a vedação, alegando aquela força policial que se tratava de propriedade privada. Quer dizer que aquela senhora, estribada no direito à inviolabilidade da propriedade, utilizou a autoridade policial para um caso em que aquele “direito” não tem o menor cabimento; e aquela autoridade, em vez de lhe fazer ver isso mesmo, não hesitou em  fazer-lhe  a vontade!

A insistência e abnegação dos “voluntários” terá conseguido salvar do braseiro muitos animais mas, pelo que ouvi, com a autoridade do lado errado, mais de metade morreram queimados; tantas vezes vemos gente da protecção civil correr perigo em situações de salvamento de animais, que caem ou são atirados pelos “donos” para locais inacessíveis que, ver agora a GNR defender a propriedade privada contra quem só queria fazer bem, parece que há aqui muita coisa que precisa ser bem explicada...

Amândio G. Martins