OS INCONSISTENTES ARGUMENTOS DOS AFICIONADOS
A tauromaquia
reclamou, e, por enquanto, ganhou. E o polemíssimo assunto, voltou,
mais uma vez ,à ordem do dia. De um lado e do outro, voltaram a
esgrimir-se os já habituais e estafados argumentos.
Realcemos um, dos
auto-denominados amigos dos touros (com amigos assim…), que é o
de dizerem que quem se opõe a esse espetáculo bárbaro e primário,
é quase ,ou mesmo tudo, gente da cidade que nunca viu sequer um
touro a pastar e que não conhece os fundamentos da ancestral
tradição. E este, para não lhe chamar falso, direi que é
inconsistente. Por exemplo, este vosso escriba, é conterrâneo de
uma das figuras maiores do toureio equestre, João Branco
Núncio,Alcácer-do-Sal, e passou grande parte da sua adolescência e
juventude na terra de outro, David Ribeiro Teles (e José Júlio),
Coruche. E com 12/13 anos, já trepava a oliveiras e sobreiros a
fugir de vacas bravas e touros tresmalhados. Portanto,
“naturalmente”, também foi aficionado. Mas, felizmente, evoluiu.
Hoje, acha abominável, para gáudio de aficionados, o massacre
daquele belíssimo, imponente e nobre animal.
Inconsistente
também, é o que consideram o mais importante, o imbatível, o
definitivo argumento, que é o de que se não houvesse touradas, pura
e simplesmente não existiam touros bravos. Porque, dizem, não é
minimamente rentável, a sua criação. E porquê? Porque esta raça
não se dá em cativeiro. É verdade! E ainda, porque demora bastante
mais tempo que as outras, a atingir a plenitude. Também é um facto.
Mas há um
“pormenor” que os aficionados entendidos, propositadamente
omitem, que anula por completo o seu aparente incontestado
argumento. Esta raça, também ao contrário das outras da sua
espécie, dá-se perfeitamente na charneca. Basta-lhe o mato e a
escassa pastagem das suas pobres terras. Sendo apenas necessário
para a engorda, algum tempo na lezíria, ou um suplemento alimentar
temporário. Além disso, a sua carne é de excelente qualidade.
Portanto, o que
consideram o seu mais importante argumento o que mais justifica
aquele espetáculo cruel, é não só inconsistente,é falso.
Há uma fase das
touradas muito pouco conhecida que convém divulgar, para se ver até
que ponto vai a afeição que os aficionados dizem sentir pelos
touros: antes da lide, nos curros, manietado, completamente à mercê
dos seus “amigos”, para se tornar mais agressivo, o touro é fria
e impiedosamente espicaçado com aguilhões de aço. Depois, na
arena, é a continuação do sacrifício, é o deprimente e triste
espetáculo que toda a gente já conhece.
Dizem ainda, que
para além da coragem de enfrentar o animal agredido, naturalmente
ainda mais enfurecido, há arte na estética da lide. É inegável!
Mas isso justifica o sofrimento atroz do inocente animal? Haverá
alguma arte que o justifique? Não será o gozo com essa crueldade,
uma aberração?
Por respeito a este
e a qualquer ser vivo, pela dignificação humana, cremos que a
evolução acabará por impor o fim das touradas.
Apressemo-lo!
Francisco Ramalho
Vergonhoso, simplesmente vergonhoso! Não consigo entender o que passa pela cabeça desses imbecis.
ResponderEliminarPaulo Baldaia dizia há tempos, quando se discutia sobre o valor do IVA das touradas que, "quem se sente feliz a ver torturar animais, não precisa de IVA reduzido. Precisa de apoio psicológico".
Sugiro que os ditos aficionados, entrem na arena e se sujeitem a levar com um par de bandarilhas nos cornos.