OBS. Publicado no jornal Público, na sua edição de 8/6/15
Também publicado (parcialmente) no EXPRESSO na sua edição de 11/7/15, como "Carta da semana".
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
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Não efectuaram nenhuma consulta aos portugueses, nem aos gregos, se queriam pertencer ao euro. Os partidos da direita e socialistas, em Portugal e na Grécia decidiram, sem ouvir o povo para o efeito. De resto na União Europeia tem-se evitado a todo o custo debater e consultar as pessoas sobre as grandes questões e tratados. Veja-se o que aconteceu com a constituição europeia, em que depois dos eleitores na França e na Holanda, em referendo, recusarem a aprovação de tal constituição, acabaram com a mesma substituindo-a pelo Tratado de Lisboa, aprovado pelos «iluminados» em 2007, onde se tornou célebre o cumprimento entre o primeiro-ministro José Sócrates e o presidente da Comissão Europeia Durão Barroso: «porreiro, pá!». Por isso os que julgam ser os senhores dos povos da Europa, ficaram muito indignados com o referendo na Grécia e agora estão muito perturbados, só porque as pessoas manifestaram-se claramente contra a austeridade e a continuar a pagar as asneiras, o regabofe e especulação do sistema financeiro.
ResponderEliminarCaro Ernesto Silva, parabéns pelo seu texto, subscrevo-o por inteiro. Esses senhores entregaram-nos aos vampiros económicos. Eles falam muito em Democracia, mas quando se trata de dar a voz ao povo em relação a coisas tão importantes como a constituição europeia ou a adesão ao Euro, fogem dos referendos aos povo como o diabo foge da cruz. Quanto ao texto do senhor Manuel Alentejano, apenas direi isto : Passos Coelho, não diria coisa muito diferente. Para esclarecer, no caso de dúvidas, eu também não sou grego, mas estou solidário com a demonstração de coragem e de dignidade que o povo grego nos deu.
EliminarDesculpe caro Arlindo, mas isso da dignidade, com o dinheiro e sacrifício de outros povos
EliminarCaro Manuel Alentejano, pergunta-me o que é isso da dignidade com o dinheiro dos outros. Então acha que o povo que está a sofrer a tal austeridade que mata deve pagar pelos erros, roubos e negociatas da banca em conluio com os tais democratas do Pasok e da Nova Democracia da Grécia ? Que raio de sentido de justiça temos ? Olhe, lá como cá, de facto ainda há muita gente bem, mas isso não infelizmente até é normal numa sociedade desigual e de classes (desculpe o palavrão), aliás, é só ver o que acontece na lusa pátria, e não será por acaso que muita gente votou mesmo depois do BPN, em Cavaco Silva e no partido (PSD) que alegadamente mais casos tem de corrupção ligados a figuras "laranjas ". Essa da dignidade com o dinheiro dos outros, para mim, não pega, para além de demagogia cheira-me a laranja azeda.
EliminarA expressão "perdão da dívida" grega, que circula, é ofensiva para a dignidade de qualquer povo e devia ser repensada. Aos gregos, como a outros povos, foram-lhe oferecidos apoios financeiros para benefícios estruturais, quase apenas nos serviços, e não na produção de bens exportáveis, concorrenciais às indústrias instaladas nos países mais desenvolvidos. Nada de apoio à introdução ou desenvolvimento das indústrias pesadas. Estas continuaram nos países mais ricos e, nalguns casos, ofereceram-se indemnizações para que, mesmo as incipientes, encerrassem. Sem possibilidade de pagar a parte que lhes correspondia nas obras estruturais, aos países que receberam os apoios foi-lhes concedidos créditos para lá do razoável. Para evitar as falências, a troika entrou em acção, concedendo empréstimos, não para o desenvolvimento dos países, mas sim, para pagar as dívidas, ou melhor, transferir as dívidas aos bancos alemães e franceses para os fundos europeus de responsabilidade do conjunto das 19 nações do euro. Os bancos salvaram-se e o povo comum, através da carga de impostos insuportáveis tem de saldar as contas. Provado, como diz agora o FMI, que a dívida da Grécia é impagável na sua totalidade (166% do PIB), só resta reconstituí-la sem perda de dignidade. Como prevêem muitos economistas estudiosos do assunto, a partir de 60% do PIB, começa a ser difícil controlar os défices. Se assim for, não podem os nossos governantes embandeirar em arco e olhar para a Grécia com ar de comiseração, porque já estamos no mesmo caminho. Perdão da dívida, nunca! Acerto de contas, sempre! Um abraço lusitano.
ResponderEliminarTotalmente de acordo com o senhor Manuel Alentejano que expôs os seus pontos de vista sem ofender quem pensa de maneira diferente. Discordando muitas vezes de Marinho e Pinto, nada me custa estar de acordo com ele diversas vezes e são dele estas palavras: só recorre ao insulto, aquele que não tem razão. Parabéns ao companheiro deste blog que não receou em colocar os portugueses em primeiro lugar.
ResponderEliminarSó esta pergunta (espero não ofender) quem é que neste blog colocou os estrangeiros em primeiro ? Os nossos governantes, ou aqueles que estão solidários, não com os anteriores governos da Grécia, mas sim com o sacrificado povo Grego ?
EliminarNem o texto inicial, nem os comentários ao mesmo ofendem sem quem for. São opiniões expressas de forma correcta e cordata, sem deixarem de ser diferentes.
ResponderEliminarQuando no meu comentário referi “que expôs os seus pontos de vista sem ofender quem pensa de maneira diferente”, claro que não me referia aos dois comentadores directos deste texto. Explicando-me melhor: reparem noutros textos aqui bem perto ou noutros blogs e na imprensa duma maneira geral. Se quiserem, nada me custa reproduzir aqui alguns. Apenas alguns, pois para outros, repletos de ódio, raiva e fanatismo, terei que usar a bolinha vermelha.
EliminarQuero agradecer a todos os que aqui comentaram o meu modesto articoleto. Eu também sou pela solidariedade entre povos, designadamente quando são atingidos por catástrofes, naturais ou provocadas pelo homem. Neste caso, estamos perante reiterados erros de governação do povo grego. Segundo um testemunho directo de uma cidadã grega, que escolheu o nosso País para viver e casar, nos contactos e vivência anterior dela, afirmou que metade da Grécia vive bem e sem problemas. Perguntarão como? Nada de novo, é o lado negro da economia, nada declaram, nada pagam ao Estado, eventualmente também pouco recebem. Só a outra metade, a do funcionalismo, dos que não conseguem esconder os seus rendimentos e/ou dependem do Orçamento Grego, é que passam muito mal. Então e nós, portugueses, que culpa é que temos dessa má governação, dessa incompetência? Os gregos ao votarem nestes jovens, idealistas e/ou incompetentes do Syriza, também têm culpa. Que esperavam eles? Que os restantes povos indefinidamente viessem a pagar as suas asneiras? Eu sei que lhes foram oferecidos (como a outros países, até a Portugal) créditos para comprarem produtos, mas porque não recusaram, ou os usaram com mais parcimónia. Nós aqui com as energias renováveis do Sócrates também foi um fartar vilanagem... Um abraço para todos e até sempre.
ResponderEliminarE o Relvas, a Tecnoforma de Passos Coelho, o BPN, e o Dias Loureiro, o Lima Duarte, o Portas ( submarinos) etc.. . de facto é fartar vilanagem, e o pior é ,que ,cá na nossa terra, o crime continua a compensar. Não acha, caro Manuel Alentejano ?
EliminarNestes 41 anos de "democracia", considero que das muitas coisas que correram mal, e que me desiludiram quando esperei melhor que no regime anterior, o sector da Justiça é de longe o pior e o mais relevante para o desenvolvimento da Economia e o progresso social. Como pode a economia desenvolver-se e inspirar confiança aos investidores, nacionais e estrangeiros, quando um processo civil pode arrastar-se por 30 anos ou mais? Que sinal estamos a enviar às polícias, aos magistrados e aos demais agentes da Justiça, quando bandidos confessos são deixados em liberdade e os que são presos são prematuramente soltos e voltam a prevaricar? Quando as sucessivas actualizações dos códigos, estão mais centradas nos direitos dos arguidos do que nos direitos das vítimas?
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