segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Dar (a)braços à Serra de Monchique

A serra de Monchique foi atingida violentamente numa significativa área pelo fogo, em 2003. Agora, o inferno das chamas voltou (quase) a destrui-la. Estive numa zona, denominada Picota
a dar (a)braços. Salvaram-se, que visse, duas ou três habitações. Numa destas, o proprietário
heroicamente ficou a salvar a habitação, a horta e as árvores de fruto. «A Proteção Civil e a GNR mal conhecem este campo», disse-me. A imagem a preto e cinza comove e arrepia. A serra tem água em profusão. É riquíssima em minerais e o seu tecido arbóreo era constituído por 73% de eucaliptos!… Nada se aprendeu com 2003. Relatos dizem que durante o fogo estes projectaram  chamas para lá dos 100 metros!… As empresas de celulose que têm enormes áreas de eucaliptal, não ardem, porque têm sapadores florestais e a ciência ao seu serviço. Pudera!
   Os governantes devem aqui fazer uma aprendizagem através dos seus braços, neste cenário dantesco, para ficarem com uma imagem. Assim, jamais poderiam ter afirmado que o resultado do combate, apesar de não ter havido mortes, foi «um sucesso»(!). A solidariedade activa foi e é uma constante. Das empresas e da sociedade civil. «Não volto a plantar eucaliptos!», disse um serrano. Esta decisão está a expandir-se. «Este fogo foi organizado», alvitrou outro. ‘Por quem?’, perguntei. «A serra é farta em minérios. Também de Lítio, que é o que está a dar…». ‘Há fins escondidos?’ - «Está à vista!…». A comoção tomou-me.
    Urge constituir uma Agência Europeia contra os fogos, para acções concertadas e musculadas contra o inferno do fogo matador. Já!
   Os serranos merecem todo o apoio, para se reerguerem, bem como à sua grande Casa - a Serra de Monchique!


                  Vítor Colaço Santos

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