Eu fico pasma com estas
declarações do nosso primeiro ministro.
É preciso uma lata sem limites
para dizer, sem se rir nem gaguejar, que a decisão do Tribunal Constitucional
colocou o Governo numa situação “complexa” e que. passo a citar “Nós só podemos
resolver um problema quando soubermos qual é a dimensão desse problema. E nós
não sabemos ainda qual é a dimensão desse problema".
Ora , ou ele acha que nós somos
todos burros ou ainda não percebeu que esta guerra de alecrim e manjerona com o
TC pode colher alguma simpatia entre aqueles que o Governo tem, com bastante
sucesso diga-se em abono da verdade, instigado contra os funcionários do
estado, como se eles fossem portadores do vírus do Ébola e fossem os grandes
responsáveis por todos os males do país, mas é uma falácia e uma falsa e mal
intencionada questão.
Se o senhor 1º ministro, o tempo
que gasta a acicatar os ânimos contra os funcionários do Estado, tivesse
coragem para ser verdadeiramente um homem de estado, chamasse os “bois pelos
nomes” e cortasse onde tem que ser cortado, o chumbo do Tribunal Constitucional (que quer o senhor primeiro ministro queira
quer não, enquanto existir tem que cumprir o objectivo para que foi criado, ou
seja assegurar que a Constituição da Republica não é violada ), nem sequer
seria motivo de conversa porque não teria existido.
Sendo ainda mais curta e grossa,
um Governo que insiste reiteradamente em violar a Constituição ( concorde-se ou
não com ela, não estou a discutir isso agora ), só pode fazê-lo por questões de
táctica política. Primeiro porque já sabe de antemão o desfecho e depois porque
sabe também que tem a cobertura do Presidente da República e enquanto o “pau
vai e vem”…
O que deveria preocupar o Governo
é porque é que não tem dinheiro e não precisa escavar muito para saber a
resposta.
O problema não está na Função
Pública e o senhor primeiro ministro sabe-o bem, , apesar de eu ser defensora de uma reforma do estado, séria e ponderada.
O estado teve que pedir dinheiro
para tapar os grandes buracos que são tabu e sorvedouro do dinheiro de todos
nós, mas que são intocáveis, a saber ( e vou só dar um “cheirinho” : a falência
do BPN e do BPP, as rendas à EDP, às
várias PPP, as conceções das auto estradas. O estado tem que pedir dinheiro
emprestado para poder sustentar os benefícios fiscais dados a grandes grupos económicos . O estado tem que
pedir dinheiro emprestado para pagar as mais de 4000 nomeações, para amigos,
que fez desde que este governo entrou em funções ( à semelhança, aliás dos que
lhe precederam ).
Por isso senhor primeiro ministro,
deixe-se de tretas, de manipulações porque o senhor e o resto da pandilha
portuguesa e europeia sabe bem onde está o problema, mas como coragem para lhe
mexer é algo que não abunda, vamos lá culpar a Constituição, o tribunal Constitucional
e os desgraçados dos funcionários públicos porque como diz o outro pulha “ eles
aguentam”.
Nós sabemos que o senhor não vai
desistir e que mais cedo ou mais tarde voltará à carga sobre os Funcionários
Públicos, o saco de boxe e a manjedoura para os seus jogos de poder, mas por
favor, não nos trate como atrasados mentais porque a malta ainda não foi toda
lobotomizada e não somos todos marionetas como o senhor imagina.
A estratégia de por o público
contra o privado ainda vai resultando porque infelizmente a manipulação da
informação é feroz e mal intencionada, mas tenho esperança que virá o dia em
que os portugueses, trabalhem eles onde trabalharem perceberão que foram
enganados e que a Europa se tornou numa corja de malfeitores que usam os povos
para alimentarem um polvo cujos
tentáculos começam a ser demasiado
fortes até para eles…e um dia a coisa corre mesmo mal.~
Até lá e porque é o meu país que
me interessa, não admito que senhor Rehn fale do meu país nestes termos:
"É frustrante termos de falar três vezes ao ano" dos chumbos do TC,
nem admito que a Troika “exija novas medidas de austeridade o mais rápido
possível “.
Não ponho em causa que Portugal
tenha que pagar o que deve, mas não enganem as pessoas com manobras de diversão
e desculpem-me o vernáculo – tenham tomates, de uma vez por todas para mexer
onde tem que ser mexido e deixem de arranjar bodes expiatórios para a
incapacidade política de actuar onde estão os “tumores”.
Uma última palavra para o Dr.
Medina Carreira, pessoa que durante muitos anos ouvi com interesse e com quem
aprendi muita coisa – as suas muito infelizes ultimas declarações de que se o
Tribunal Constitucional “pudesse desaparecer, o país só beneficiaria”, só podem
ter uma explicação – ou o senhor enlouqueceu ou está com uma senilidade
avançada.
Se a nossa Constituição não serve
os interesses do país ou está desajustada aos tempos e contextos socias que
viemos, haja coragem para a mudar, mas por favor. Dizer uma coisa destas é tão
absurdo que até vou fazer de conta que foi um “lapsus linguae”.
Posto isto…acho que vou comer um
bocado de bolo de chocolate porque estou esgotada e estou a precisar repor os
níveis de açúcar no sangue…isto antes que mo suguem todo.
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