Uma curta semana de glória

Grato ao Jornal PÚBLICO pela publicação da minha carta no passado dia 10 em que divulguei o meu passado antifascista, estava longe de imaginar a repercussão que a mesma teria nas redes sociais tendo recebido mensagens de incitamento para que não desista e sei que foi criado um clube de fãs. Mas passada apenas uma semana, o êxito foi efémero e o pior ainda estava para acontecer, pois durante a caminhada matinal que faço diariamente, ao passar pelo Largo Soares dos Reis, cá no Porto, mesmo ao lado da antiga Pide reparo no busto de outro antifascista, Palma Inácio (PI) e a curiosidade levou-me a consultar a enciclopédia para fazer comparações. Nesse momento, tudo se desmoronou pois caí na real chegando à conclusão que não passei dum antifascista em part-time que em virtude de ter começado a trabalhar muito cedo, era só nas horas vagas que desempenhava tais acções estando portanto justificada a recusa em me ser atribuída a comenda. Pelo contrário, PI, antifascista em full-time na sua ficha constam desvios de aviões, lançamento de panfletos revolucionários sobre várias cidades inclusive Lisboa, fugas das prisões com grades serradas, foi a salto para Marrocos, a salto para o Brasil, a salto para os EUA, assalto à delegação do Banco de Portugal na Figueira da Foz que lhe rendeu 28.000 contos, verba que hoje parece uma ninharia mas na época dava para comprar mais de duzentos apartamentos do J. Pimenta a 120 contos/cada, pois pois, claro está que para além da comenda teve também direito a um busto. Quanto a esta distinção, dispenso-a bem pois para além de imerecida, não quero acabar desmantelado e vendido a 2,5 euros o quilo num qualquer sucateiro/receptor mesmo com instalações em Esmoriz. E assim rezará a história sobre a minha curta semana de glória. Jorge Morais