A "GUERRA DE GERAÇÕES"
Aqueles que como eu tiveram filhos que nasceram poucos
anos antes ou depois do 25A, sabem o que foi educá-los com mais flexibilidade
do que os nossos Pais usaram. Tendo mudado o regime político 180º,
descomprimindo as instituições, mudado o ambiente político e social, de impasse
e habitualidade para uma coisa nova (estávamos ainda longe de adivinhar esta
tristeza de hoje), as crianças de então foram mimadas, perdoadas, nunca
reprimidas ou menos consideradas. Elas eram o centro do universo, os seus
desejos eram quase ordens, os pais só queriam que estivessem satisfeitas e nada
lhes faltasse. Vieram os direitos da criança, etc., etc. Essas crianças de
então, hoje homens maduros no poder do país e do governo, são na sua maior
parte ingratos e não têm (a menor que seja) sensibilidade social. Desprezam os
mais velhos, não os ouvem, e pior do que isso, depois daquele célebre e
gravíssima atoarda proferida por um deputado da actual maioria, que se referiu
a um "vírus", a que chamou obscena e estupidamente "peste
grisalha", sem nunca ninguém o desautorizar, ficou dado o tom e o mote
para a actual sanha etária, como um bom amigo lhe chama. Passando de largo pelo
esbulho covarde aos pensionistas e reformados, porque falece a coragem para
cobrar dos ricos e poderosos, designadamente das empresas financeiras e grande
empresariado, destaco hoje a abominável Lei 11/2014, que proíbe os reformados e
pensionistas da CGA ou CNP, de exercer quaisquer funções públicas, mesmo de consultoria, serviços prestados etc.,
sob pena de perderem o direito à pensão ou reforma adquirida com décadas de
descontos obrigatórios. Foi alterado o disposto em 2010 (DL 137), quando
estabelecia esta mesma proibição, mas de funções remuneradas. Viram a
diferença? Não contentes em privarem os reformados de receberem algum dinheiro
extra para acrescentar às parcas pensões, o legislador agora quer
implicitamente proibi-los de trabalhar, mesmo que seja de forma gratuita ou
"pro bono". Em vez de estimular o voluntariado, a solidariedade, o
governo destes homens ingratos, quer que a geração dos seus próprios pais fique
em casa, sem aproveitamento possível, para morrerem mais depressa e pouparem
uns euros ao OE. Graças a Deus que ainda alguns, desta geração ingrata, não
saíram aos do governo,designadamente os meus Filhos, que são gratos e
pessoas de Bem.
OBS. Esta carta foi publicada na edição do semanário Expresso de 13/06/14, como "Carta da semana".
O nosso grande problema, ou problema máximo deste país, é que estamos a ser governados por robots. Máquinas programadas para subir nas hierarquias politico-administrativas, sem respeito por uns seres que são pessoas, por isso não seus semelhantes, que não passam de números de peças que compõem um puzzle qualquer. Na verdade, foi a nossa geração, a dos mais velhos, que os criou, sem se aperceber que estava a gerar monstros. Não sei como resolver este enorme problema, dado que nós ainda os respeitamos, mas eles, pelos vistos, querem exterminar-nos. Certas medidas, para além de ignóbeis, são desumanizantes. Os que estão atentos, sofrem por si e por tudo o que os rodeia. Os outros, vão para o Rock in rio e para as festas patrocinadas pelas cervejas. Só que o barco afunda-se e, tanto a tripulação como os passageiros, todos irão ter igual destino. Um abraço lusitano, ou seja, vindo da raiz da pátria.
ResponderEliminarCaro Joaquim, todos os dados, económicos, sociais, políticos e financeiros, apontam para uma "tempestade Perfeita". É bom estarmos longe do olho do furacão. Um abraço alentejano, onde os nossos pais fundadores também lutaram contra a moirama.
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