As tempestades deste último Inverno vieram alertar,
de um modo muito grave, para o problema da falta de respeito continuada na
ocupação das margens dos rios e do mar. Desde há muito tempo que foram
aparecendo construções em cima dos cursos de água para defesa das terras. Para
algumas populações que viviam e vivem do mar as suas casas teriam razão de ali
serem construídas. Porém, em cima dos areais, as construções foram crescendo,
descontroladamente, para deleite de alguns terem a praia ali ao pé da porta.
E sem controlo e sem bom senso agora muitas margens
estão a ser arrasadas pela natureza. Mas haverá coisa mais feliz do que abrir
uma janela e termos a imensidão da água azul a brilhar aos primeiros raios do
sol da manhã?
Vem isto a propósito dos projectos que estão
aprovados aqui na margem do Tejo. Em Carcavelos há um grande espaço – a chamada
Quinta dos Ingleses. É bordeada pela Estrada Marginal, mesmo em frente de uma
belíssima praia. Deve ser aproveitado este espaço? Claro que sim. Mas o que
está em causa é que já agora optaram por um mega projecto (neste meu querido
Portugal tudo tem de ser mega já que o País é pequeno). Só condomínios privados
serão três, mais um hotel, mais um colégio, mais 900 fogos e comércio, muitos
milhões de investimento, muitos anos a construir e promessas de muitos postos
de trabalho (?). Não seria mais adequado optarem por um projecto menos mega e
mais de acordo com as reais necessidades de um correcto usufruto daquela
espaço?
E agora voltemos a Oeiras. Também aqui os megas estão
na moda. Retomo o Jamor. Claro que a nossa Câmara Municipal conseguiu que a
Assembleia Municipal aprovasse umas construções na margem direita da Foz do rio
Jamor, ali na Cruz-Quebrada.
Também terá torres para habitação e hotel, e marina
que substituirá a praia que há muitos anos a natureza foi autorizando a
existir. Terá de haver alterações de trânsito e… tanta coisa mais que os
munícipes conscientes se arrepiam.
É que estudos e pareceres, já desde há muito
conhecidos, sobre esta opção de construções em cima da margem desta foz e em
cima da margem do Tejo chamam a atenção para os elevados riscos naturais a que
vão estar sujeitas também os moradores desta vila.
Claro que quem vota contra estas atrocidades é olhado
como inibidor do progresso das terras. Mas um dia a natureza enfurecida … como
aconteceu este ano!
Publicado em 18 de Junho de 2014 no Jornal Costa do Sol
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