O DIA D – 70 ANOS – A MAIOR FAÇANHA BÉLICA DE TODOS OS TEMPOS QUE SALVOU A HUMANIDADE.
Eu era criança, lembro-me ainda. Fez 70 anos. 6 de junho de 1944, o mais longo dos
dias, segundo título de um filme, porquanto era, durante grande tempo, mantido
em segredo pelas forças aliadas anglo-americanas, para dar início ao
desembarque nas praias da Normandia e promover a invasão libertadora da França,
começando, assim, a segunda frente tão reclamada pela extinta União Soviética,
a fim de abreviar o término da segunda
guerra mundial.
Normandia, histórica região dos tempos medievais, palco de
cruentas batalhas desde sua conquista pelos escandinavos – os chamados homens
do norte (north-man), daí o nome “normando”, mais tarde dominada por ingleses.
Em Rouen – sua capital – foi supliciada a heroína Joana D’Arc, graças à traição
de um bispo impatriota (Pierre Cauchon) e, na cidade de Lisieux, cumpriu seus ofícios
religiosos Santa Teresinha do Menino Jesus, tão querida na França, Portugal e Brasil.
Enquanto paraquedistas saltavam de aeroplanos silenciosos por
trás das linhas alemãs e aviões bombardeavam algumas estratégicas posições
inimigas, aproximavam-se das praias milhares de navios, lanchas-anfíbias,
embarcações repletas de suprimentos e tanques, sendo que centenas destes, já
sobre as águas, prontos para combate, com lâminas caça-minas à frente e
esteiras encastoadas em boias especiais, se alinhavam às barcaças de
desembarque flutuando na crista de ondas de 4 metros no Mar da Mancha, numa
façanha inédita jamais imaginada (terra, ar e mar).
No contingente
das forças invasoras houve grande participação de voluntários portugueses, inclusive 2 filhos do Consul
Aristides de Souza Mendes, reconhecido com salvador de cerca de 30 mil pessoas
das garras de Hitler, entre os quais 10.000 judeus.
Quanto sangue derramado! Só na praia de Omaha pereceram mais
de 9 mil homens. Era o começo do fim do império nazista com todo o seu séquito
de crimes contra a humanidade, que Hitler, em sua loucura, julgava imbatível.
O Supremo Criador do Universo, que está acima de todo o bem e
mal, a princípio, não interfere nas mazelas oriundas da inferioridade
espiritual dos homens, mas, para evitar o pior, em face das atrocidades
ultrapassantes aos limites toleráveis, permite que seus arautos façam
prevalecer os ditames da Justiça Divina, daí por que a razão, ou seja, a justa
causa se torna uma poderosa arma.
Foi o que aconteceu na França, sob ocupação de poderoso
exército nazista, quando tudo deu certo, mesmo diante de todas as adversidades
climáticas: vieram os vendavais, ondas gigantes e até mesmo a lua em fase de
plenilúnio que não apareceu para clarear as praias, naquela madrugada nevoenta.
Talvez tenha sido melhor assim, para maior surpresa dos alemães.
O general Eisenhower teve que superar enormes divergências,
para se tornar comandante supremo da operação, no afã de unificar as ações em
todos os setores de combate, assumindo, assim, a total responsabilidade dos
riscos. Segundo Churchil, ninguém nunca
teve tanto poder, nem mesmo os guerreiros da antiguidade Alexandre e Júlio
César.
Se a invasão tivesse fracassado, a guerra ainda prolongaria e
talvez com possibilidade de dar tempo para o engenho da bomba atômica ficar
pronto, aí então a catástrofe teria sido incomensurável, porque os Estados
Unidos, sob o governo de Truman, teriam explodido Berlim, Nuremberg e outras
cidades alemãs, como fizeram, mesmo desnecessariamente, em Hiroshima e Nagasaki,
no Japão. E o que teria sido pior: se Hitler houvesse construído a bomba
primeiro, a destruição teria sido nas cidades de Moscou, Londres, Paris e
Washington.
A humanidade deve muito a todos os combatentes e, em
especial, a De Gaulle, Roosevelt, Churchill, Einsenhower e também à extinta
União Soviética, com seu grande general Zhukov, o herói de Stalingrado, que
exigiu a segunda frente para terminar a guerra, com a invasão da Alemanha, que
aconteceu em maio de 1945.
Churchill, a raposa inglesa, mantinha-se com “um olho no
peixe e o outro no gato”, só que o gato era um tigre, e assim vigiava de longe
o desenrolar das coisas, para evitar que a fera Stalin viesse a dominar todo o
país vencido, após estabelecer império em quase a totalidade da Europa
oriental. Resultou, finalmente, na divisão da Alemanha, em duas, inclusive sua
capital, que perdurou até o ano de 1990, quando foi derrubado o muro divisor de
Berlim.
Saúdo este dia com os versos abaixo:
Ó praias da Normandia,
por toda a eternidade,
lembrarás aquele dia
que salvou a humanidade!
Ainda mostram as colinas
no carmim dos por-de-sóis
e
ao raiar das matinas,
o sangue de teus heróis.
E tudo espelha a vitória
bravamente conquistada
p’ra sempre ser relembrada
com imenso ardor e glória.
Vivaldo Jorge de Araújo
Este artigo foi publicado no jornal brasileiro Diário da Manhã de Goiânia - Goiás
no dia 06/06/2014, no caderno Opinião Pública pg. 4.
Site do jornal: http://www.dm.com.br/jornal/#!/mini
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