Tomo a liberdade de Vos enviar estas singelas quadras feitas por mim há uns anos.
Desejo-Vos um bom SÃO JOÃO.
Nota: só voltarei a este 'sítio' depois do dia 24.
Fiquem bem.
José Amaral
A noite de São João
No Porto está de novo;
Não sendo revolução
É a grande festa do povo.
Desde Afonso Henriques
Que nem todos têm pão;
Hoje há mais pedintes
Que foliões no São João.
Faço prova de vida
Na noite de São João,
Tal como alma perdida
No meio da multidão.
Fiz-te uma emboscada
Flor do meu coração
E foste desfolhada
Na noite de São João.
Fiz-te uma emboscada
Musa do meu coração
E foste desabrochada
Na noite de São João.
Na noite de São João
Queria ser erva-cidreira,
Ser teu chá de prevenção
Tua droga milagreira.
O Porto é urbe, cidade,
É terra de São João,
É viço, é mocidade
E à noite… é sedução!
O povo anda perdido
Ó meu querido São João,
Por estar a ser fedido
Com tão má governação.
O povo foi p’rà rua
Calcorreando seu chão;
O seu tecto, era a lua,
Seu santo, o São João!
O remediado virou pedinte
Ó meu querido São João;
E a desgraça seguinte
É na mesa não ter pão.
Requentaste-me o prato
Perdendo todo o sabor;
Foi como dares de barato
A chama do meu amor.
Sem emprego e com fome
Há muita gente sem pão;
Não ganhando, não se come,
O que achas, São João?
Tanta gente desiludida
Ó meu querido São João,
Sem dinheiro e sem comida
Como fazer reinação?
Uma grande multidão
No Porto enche as ruas,
Festejando o São João
Esquecendo as agruras.
Uns com poucos tostões
Reinam ao São João;
Outros com muitos milhões
À custa da corrupção.
Vi tanta fogueira acesa
Na noite de São João,
Que virei fácil presa
Na lava do teu vulcão.
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