Portugal é, reconhecidamente, um país simpático. Os portugueses são elogiados em todo o mundo. Também os seus governos são muito bem considerados. Mas estes só pelas instâncias internacionais. Aquelas que não são escrutinadas pelos eleitores (expressão tão do agrado, neste momento, de Pedro Passos Coelho e dos actuais dirigentes do PSD).
Os governos de Portugal não têm sido bons governos. É, em grande parte, devido a eles que vivemos na situação em que vivemos. Mas este governo em particular, adjectivado de "bom aluno" pelos elementos da troika, com constantes avaliações positivas por parte do seu tutor, acaba de se auto-intitular de "mau aluno". Ao pedir, hoje, 9 de Junho de 2014, que atrasemos o calendário para 30 de Novembro de 1640, que a troika permaneça mais tempo em Portugal, para resolver o problema derivado da inconstitucionalidade do seu último Orçamento de Estado apresentado, Pedro Passos Coelho assume que não resolve exercícios novos sem o tutor ao seu lado, a guiá-lo, passo a passo. Este é o mais néscio Governo da III República. Passos Coelho e o seu Executivo já viram Orçamentos de Estado chumbados por duas vezes e orçamentos rectificativos por outras cinco. Já era tempo de terem aprendido a lição. Foram muitos os exercícios feitos. Mas, agora que o professor se encaminha para a porta de saída e é apresentado novo teste, o Governo Português mostra-se incapaz perante o desafio, em tudo igual aos anteriores, ainda tão recentemente ultrapassados. E brada, bem alto, para que a porta não se abra.
A verdade é que isto não surpreende. Os métodos de resolução aprendidos e apreendidos foram apenas dois: aumento de impostos e corte de salários, pensões e benefícios. Não se cortaram as regalias nem se fizeram as tão urgentes reformas. Ou seja, a redução do défice não é sustentável. Sairá este Governo e os problemas económico-financeiros voltarão a assombrar-nos e limitar-nos. Tal estultice sair-nos-á cara. Muito cara! E pagá-la-emos aos nossos actuais governantes, numa qualquer gigantesca empresa.
Somos um povo com uma capacidade enorme de sofrimento. O fado é o nosso fado. Foram oito séculos de submissão à nobreza e ao clero. Quase meio século de uma ditadura repressiva, opressora, impedimento de desenvolvimento. E quatro décadas de inépcia das supostas elites em servir o bem comum, o bem público. Até quando vamos deixar que sejamos um bom mau aluno?
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