Notícia do dia, muito possivelmente dos próximos trinta
anos, a que ninguém prestou atenção, espumantes que andam contra os árbitros da
toga ou do calção negro: Portugal vai ficar refém do Fundo de Resgate europeu
até 2045.
Se juntarmos esses lustros, com os últimos anos, as contas
dão algo parecido ao período histórico de 1600-1640, em que o país perdeu a
independência.
Como a memória não chega tão longe, recorde-se que houve um
povo que foi enrolado pelos sonhos messiânicos de um bando de deficientes de
juízo, mas houve também um grupo pequeno de homens que amavam o seu país – o
que parece não ser a norma na generalidade dos casos – que conseguiu pela
força, reconstruir de novo um dos projectos de independência mais duradouros e
consistentes do mundo ocidental.
Hoje e de novo somos todos prisioneiros, sem voz e a viver
em condições insalubres.
Não temos muros altos e intransponíveis que nos cerquem e
impeçam a fuga, mas temos todos uma
pulseira electrónica, que impede movimentos, que produz terríveis choques de
alta voltagem, que nos fritam a cabeça, mirram-na, tornam o pensar livre num
não pensar, consumindo as poucas forças, na mera obsessão de ir vivendo, como
se pode, assim-assim.
Passei hoje por um monumento onde estão esculpidos na parede
os nomes , milhares de nomes anónimos, de homens do meu país que morreram
injustamente – existem homicídios justos? – a defenderem um império
peripatético que só existiu – uma vez mais – na cabeça de um bando sem juízo.
Gostaria de um dia poder levar os meus filhos a um
monumento, onde a todo o comprimentos da sua parede, estivessem esculpidos os
nomes de todos os malfeitores que me prenderam para sempre, sem eu ter culpa
formada.
Esse sim seria um
monumento fundamental, e creiam, muitos de nós sentiríamos nesse espaço
o incómodo, perturbador, gélido, vácuo, que se sente quando deixámos de ter esperança,
porque sabemo-nos condenados a prisão perpétua.
Luis Robalo
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