segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ter fé não chega, é preciso também segurança

Eu acho que a fé das pessoas deve ser domesticada. Está na hora de existir algum responsável a assumir a sua cota de responsabilidade, principalmente quando existem casos como aquele que ocorreu no passado Sábado. Cinco pessoas perdem a vida, e que conclusões se tiram? Será que foi um caso isolado? Para mim não foi um desastre o que aconteceu, mas sim um milagre apenas cinco pessoas terem perdido a vida naquele conjunto. E a jornada ainda agora começou.
Como condutor, tenho plena consciência que existem péssimas estradas em Portugal e por isso, tenho uma certa sensibilidade sempre que vejo um grupo de peregrinos a caminhar, à noite, em zonas com má iluminação, e não seguindo uma das principais regras impostas: seguir em fila única. Há um claro risco presente à noite, mas durante o dia isso também existe, a partir do momento que há peregrinos nas bermas das estradas com um tráfego imenso ao lado. Não há segurança adequada e a fé não poderá continuar a ser colocada num patamar mais elevado que a segurança. Por isso das duas, uma: ou os peregrinos começam a seguir as regras de segurança à risca ou está na hora de existirem regulamentos específicos com programas particulares para esta época, tal como já acontece com os caminhos de Santiago. Neste caso específico, alguém decidiu sair da sua zona de conforto e assumir responsabilidades, tornando tudo mais seguro, idealizando caminhos específicos e, devidamente identificados.
Em Portugal continua tudo ainda muito verde, apesar de Fátima ser um negócio bastante rentável. A fé consegue de tal forma cegar completamente aqueles que procuram uma jornada de paz, mas que arriscam uma viagem infeliz. Planear uma caminhada de longa distância, não está ao alcance de qualquer um, então está mais do que visível que é necessária a intervenção de alguém. Porque não começar a enviar os peregrinos por caminhos específicos, longe das estradas mais problemáticas? Caminhos bem iluminados, com zonas particulares de descanso? Eu sei que existem alguns, mas são poucos.
Não podemos continuar a fechar os olhos e cruzar as mãos e rezar. Podemos e devemos criar condições para os peregrinos, aumentando-lhes a segurança, e com isso criar um pouco mais de receitas. É possível alargar o negócio de Fátima pelo país inteiro, basta alguém dizer: chega!

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