sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

AGOSTINHO DA SILVA

                                                         VIRÁ A REVOLUÇÃO!

Creio de facto que pobres sempre os haverá entre nós e, se à crença é preciso acrescentar a vontade, com toda a força o desejo. Pobres voluntários, que aos involuntários o Diabo os espreita. Pobres de a nada possuírem, nem individual nem colectivamente, e de, portanto, não serem possuídos pelas posses; de a ninguém terem como se donos fossem, ainda que pareçam servir; de nem de si mesmos serem proprietários, já que a Deus obedeçam no que deles fez, faz e fará.
Mas, para ser pobre voluntário, é necsário ser, antes, rico, como Francisco o foi, no que riqueza pode dar de dignidade(sempre em risco), de prestígio(sempre humilhante), de poder(sempre corruptor). Daí que em nada me aflija verificar-se que cada revolução social significa o acesso de uma ou várias classes ao domínio das coisas.
Só depois de todas as revoluções – e as haverá, pois inteligência é impotente perante os hábitos, sobretudo os maus, dos poderosos – virá a revolução que vale e em que será guia o voluntário Pobre de Assis, santo só então para os homens de todas as religiões e para os que tenham a de as não terem: a revolução do despojamento, da disponibilidade e do ascender à Poesia, pois que somente como poeta, isto é, Criador, na Arte, na Ciência, na Técnica, na Acção e na Contemplação, será o Homem verdadeiramente à imagem e semelhança do Divino: Centelha em nós do Pensamento eterno.
NOTA – Texto de Agostinho da Silva transcrito por

Amândio G. Martins

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