VIRÁ A REVOLUÇÃO!
Creio de
facto que pobres sempre os haverá entre nós e, se à crença é preciso
acrescentar a vontade, com toda a força o desejo. Pobres voluntários, que aos
involuntários o Diabo os espreita. Pobres de a nada possuírem, nem individual
nem colectivamente, e de, portanto, não serem possuídos pelas posses; de a
ninguém terem como se donos fossem, ainda que pareçam servir; de nem de si
mesmos serem proprietários, já que a Deus obedeçam no que deles fez, faz e
fará.
Mas, para ser
pobre voluntário, é necsário ser, antes, rico, como Francisco o foi, no que
riqueza pode dar de dignidade(sempre em risco), de prestígio(sempre
humilhante), de poder(sempre corruptor). Daí que em nada me aflija verificar-se
que cada revolução social significa o acesso de uma ou várias classes ao
domínio das coisas.
Só depois de
todas as revoluções – e as haverá, pois inteligência é impotente perante os
hábitos, sobretudo os maus, dos poderosos – virá a revolução que vale e em que
será guia o voluntário Pobre de Assis, santo só então para os homens de todas
as religiões e para os que tenham a de as não terem: a revolução do
despojamento, da disponibilidade e do ascender à Poesia, pois que somente como
poeta, isto é, Criador, na Arte, na Ciência, na Técnica, na Acção e na
Contemplação, será o Homem verdadeiramente à imagem e semelhança do Divino:
Centelha em nós do Pensamento eterno.
NOTA – Texto
de Agostinho da Silva transcrito por
Amândio G.
Martins
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