A IDEIA DE IGUALDADE
Que todos os
homens são iguais é uma proposição à qual, em tempos normais, nenhum ser humano
sensato deu, alguma vez, o seu assentimento. Um homem que tem de se submeter a
uma operação perigosa não age sob a presunção de que tão bom é um médico como
outro qualquer. Os editores não imprimem todas os obras que lhes chegam às
mãos.
E quando são
precisos funcionários públicos, até os governos mais democráticos fazem uma
selecção cuidadosa entre os seus súbditos teoricamente iguais. Em tempos
normais, portanto, estamos perfeitamente certos de que os homens não são
iguais. Mas quando, num país democrático, pensamos ou agimos políticamente, não
estamos menos certos de que os homens são iguais. Ou, pelo menos – o que na
prática vem a ser a mesma coisa – procedemos como se estivéssemos certos da
igualdade dos homens.
Identicamente,
o piedoso fidalgo medieval que, na igreja, acreditava em perdoar aos inimigos e
oferecer a outra face, estava pronto, logo que emergia novamente à luz do dia,
a desembainhar a sua espada à mínima provocação.
A quantidade
de tempo durante a qual os homens estão empenhados em pensar ou agir
políticamente é muito reduzida, quando comparada com todo o período das suas
vidas; mas as breves actividades do homem político exercem uma influência
desproporcionada sobre a vida diária do homem trabalhador, do homem a
diveretir-se, do homem pai e marido, do homem senhor de propriedades.
NOTA – Texto
de Aldous Huxley transcrito por
Amândio G.
Martins
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