A candidatura e a campanha de Maria de Belém à presidência da república foi mal desenhada e pautou-se por sucessivos erros, “gaffes” e por situações ridículas. A tarefa, à partida, não era fácil, uma vez que à direita tinha de enfrentar um peso pesado extremamente popular junto do público e bom comunicador e ao mesmo tempo gerir os problemas resultantes da excessiva fragmentação dos candidatos de esquerda. Para agravar ainda mais a situação, ainda teve de dividir o apoio dentro do seu próprio partido com o seu principal adversário à esquerda, nomeadamente Sampaio da Nóvoa. Além disso, o líder António Costa e várias figuras de peso socialistas, como Mário Soares ou Jorge Sampaio, vieram a público expressar o seu apoio ao professor universitário.
A escolha do timing para o anúncio da candidatura, durante as legislativas e à revelia de António Costa, foi um erro colossal e apenas contribui para perder apoios dentro das estruturas do partido. Por outro lado, Maria de Belém, para contrariar a sua falta de popularidade junto do público, deveria ter concentrado a campanha nas ruas e no contacto com a população. Pelo contrário, decidiu iniciar o seu périplo, pelos locais onde supostamente já teria os apoios conquistados e uma imagem sólida, ou seja, junto de lares e instituições de solidariedade e assistência social. A própria campanha revela-se muito pouco dinâmica e “cinzenta”, em claro contraste com os seus principais adversários que apostaram forte e de forma genuína na proximidade com a população. Nos debates não conseguiu marcar pela diferença, passando praticamente despercebida. Os sucessivos erros, “gaffes” e equívocos, como são os casos da proposta de levar altas figuras internacionais a lares de idosos, ou as críticas absurdas à hiperactividade de Marcelo Rebelo de Sousa, apenas revelam inexperiência e amadorismo. A machadada final foi dada com a defesa da sua posição relativamente às subvenções vitalícias, que lhe retirou credibilidade e lhe manchou de forma indelével a sua imagem junto do público. O resultado nas urnas foi um desastre, ficando a léguas de distância dos seus adversários directos e por pouco não ficava atrás do nosso amigo Tino de Rans.
João António do Poço Ramos
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