Santana-Maia Leonardo
Aquilo que qualquer cidadão normal espera do seu Governo (nacional, regional ou local) é o mesmo que ambiciona um condómino do administrador do seu condomínio. Ou seja, que ele faça a gestão do condomínio, levando a cabo as reparações e as reformas estritamente necessárias, sem causar transtornos e incómodos de maior aos condóminos. Para nos chatear, já chegam os vizinhos e as contas.
Ora, aquilo que se tem assistido em Portugal é a um condomínio sempre em obras, ao ponto de os condóminos estarem permanentemente impossibilitados de fruir plenamente da sua fracção e das partes comuns. Aliás, ninguém consegue dormir uma noite descansada neste condomínio, porque não há presidente de câmara, ministro ou primeiro-ministro que, mal inicie o mandato, não transforme o condomínio num estaleiro de obras.
Veja-se o que se passa na Educação em que as reformas e contra-reformas se atropelam a um ritmo tão vertiginoso que torna qualquer avaliação impossível e o próprio termo “Educação” desadequado e disparatado. Para já não falar na Justiça, onde não há ministro que não faça ponto de honra em arrasar tudo aquilo que comece a dar sinais de querer funcionar. Se lermos com atenção o relatório do FMI sobre o estado da justiça portuguesa, com base nas estatísticas de 2013 (anteriores às reformas levadas a cabo pela anterior ministra da Justiça), chegamos à conclusão de que a ministra, no seu espírito de bombista suicida, decidiu arrasar precisamente aquelas áreas da justiça que apresentavam resultados mais positivos e animadores.
Esta gente não percebe que o bom é inimigo do óptimo. E por muito que se goste de árvores exóticas, não é inteligente substituir o montado de sobro, na charneca alentejana, por este tipo de árvores. Será assim tão difícil perceber isto? Infelizmente, o excesso de inteligência e a estupidez sempre foram os maiores inimigos da prudência porque impedem de ver o óbvio
No Público de hoje (1.2.2016)!
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