sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Inimputáveis. Quem?

Uma mulher inquieta, quase um farrapo, acusada de crime de sequestro agravado pelo Mº Púb. por fechar os filhos a cadeado dentro daquele casebre, que ela julgou sempre ser a sua fortaleza inviolável, é agora considerada inimputável, e está presa num hospital psiquiátrico, tardio dizemos nós, mas à sua medida, dizem os sábios. Os filhos que ela trazia fechados no coração durante quase uma dezena de anos, e os visitava na sua dor doentia numa cela/divisão caseira com 3m2, preenchida por trevas, e tendo por companhia a trampa da miséria e o cheiro nojento da política nacional, que referencia ou assinala todos os casos que merecem acompanhamento cuidado e a atenção da Segª Social inexistente, ou que só se anuncia à posteriori e em estado de ofendida com explicações estapafúrdias e a necessitar ela mesmo de internamento também, será por certo ilibada por "padecer de paranóia do tipo persecutório" que a faz desconfiada de todos e tudo quanto a rodeia e dela se aproxima, e se calhar até de Deus que a abandonou ou esqueceu no Seu Ministério, nestes tempos em que dão à costa que nem São Macaio, migrantes, com um "brilhozinho nos olhos" e até alguns aperaltados, e com direito a palmas à chegada numa praia cheia de mãos caridosas e solidárias a recebê-los e prontos a entregar um bornel, aconchego, e casa condigna, com área suficiente para fazerem jogging ou um salão de baile depois da hora do chamamento do seu outro Deus. E baile, é o que os portugueses têm andado a levar há pelo menos 40 anos, não contando com outro tanto que ficou para trás, mas que ainda hoje têm adeptos que levantam a cabeça e promovem estes episódios indecorosos, mas nunca culpados. No entanto eu pergunto. Que diferença separa esta mulher e mãe paranóica, de outras que frequentam os cafés, centros comerciais, e que por lá se demoram à conversa com as amigas, sentadas à mesa horas a fio, e que de repente, quando se lembram, entram em pânico por não saberem do paradeiro dos filhos que elas trouxeram pela mão e que deles se esqueceram enquanto raspavam os visores dos telemóveis, fumavam e davam à língua, e os filhos desapareceram dos seus olhares, naqueles espaços aonde só se preocuparam em pôr a conversa em dia e a cozinhar mexericos de novela?
E que desesperadas perguntam aflitas aos presentes e aos passantes se os tinham visto por ali a brincar, uns com outros, no meio de tanta luz de néon e longe do cheiro fétido da luz da vela de cera que iluminava a cegueira do casal agora condenado de crime pelo M.P da nação que os desprezou? Fica a pergunta que entope de perplexidade a garganta desta "sociedade bondosa e vaidosa de um tempo novo anunciado"!


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