quarta-feira, 30 de setembro de 2015

DESERDADOS

                                  800 MILHÕES SEM CASA DIGNA
Favelas, bairos de lata, barracas, são palavras que servem para falar de habitações precárias e degradadas que povoam as periferias das grandes cidades em todo o mundo. Um relatório recente sobre o estado das cidades é arrasador para os governos de quase todos os países.
São 800 milhões as pessoas que vivem nesta situação. E se há que louvar o facto de alguns governos terem reduzido este tipo de habitações, é lamentável que, nos últimos dez anos, o número de residentes em habitações sem condições tenha aumentado 60 milhões, números que deviam abalar a consciência da humanidade.
O estudo considera inaceitável uma tal situação, até porque os indicadores apontam para um crescimento urbano mais rápido que a taxa de melhoria das condições  dos bairros de lata. E se os números actuais são preocupantes, bem mais alarmante é a projecção que o relatório aponta. A manter-se o actual estado de coisas, estima-se que, em 2020, os habitantes dos bairros degradados atingirão os 890 milhões.
                                           …///…
Valha-nos a poesia de Fernando Pessoa:

Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um voo de ave
E me entristeço!
Porque é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Porque vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Porque ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minha alma alheia
Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do voo suave
Dentro em meu ser.

 Transcrito por Amândio G. Martins


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