Vivo com emoção e empenho de cidadania este momento.
Vivo-o assim porque este é o tempo que me foi dado viver, sinto
a obrigação de participar nele.
A emoção não a posso pôr numa folha de “Excel”, quem a inventou,
quem a usa, não considerou essa premissa.
O empenho que me leva à acção do dizer, é meu , é a força que
remexe a acalmia da inacção, da aceitação do “não posso mudar nada, fico-me
sossegado.”
Ouvi hoje num “forum” na radio, um ouvinte dizer que não vivemos
numa democracia, mas sim numa “dinheirocracia”.
Concordo. Só sendo assim é que consigo encontrar resposta que me
tranquilize para questões tão fundamentais da vida, cuja não resposta nos
diários de campanha eleitoral, nem sequer desencadeia uma reacção – fanhosa que
seja – dos concidadãos, porque andam cansados, desistentes, desacreditados.
Essas questões são: Emprego, educação, saúde, segurança social,
justiça, equidade.
São temas que não se falam, temas de que se desconhecem
propostas, assuntos aborrecidos e chatos.
Fala-se de dívida pública, défice, execução orçamental,
contabilidade engenhosa do Estado, e todos da direita à esquerda (incluído os
mancos) florescem em bonitos ramalhetes de discursos com resposta pronta para
tudo: só que números, são números, não
têm sinónimos. Significam o que dizem e nada mais!
E dizem que este país tem sido governado pelo “arco e pelo
arquinho” como um lupanar, que não deixa de ser uma palavra simpática para o
que apetece realmente dizer.
E esta gente (essa abstração que é o povo), que há dias que
parece mais alforreca que gente, aceita tudo, não questiona nada, só se queixa.
Nada mudará, talvez tudo se venha a complicar num pântano muito
lamacento e turvo.
Mas sejamos realistas e sérios: nada poderia mudar porque não há
novidade. Não apareceu ninguém novo, diferente, a pensar fresco e bem, com uma
única proposta que faça sentido e não seja um devaneio populista.
Estamos como estávamos há dois séculos atrás e assim
continuaremos, com a graça da nossa patetice endémica.
Um desabafo profundo, de alguém que sente o momento, não apenas por este, mas pela análise de um tempo mais longo. O Luís já nos acostumou a estas reflexões, que deviam merecer, de muitos de nós, mais atenção. Contudo, nem todos estamos despertos e o mundo vai girando. Um abraço lusitano e universal.
ResponderEliminar