PAF..,nas Mulheres

Uma campanha eleitoral, por mais séria que seja, tem também os seus momentos cômicos e intrigantes. Esta não tem sido excepção. Desde a falta de jeito para debates do atual primeiro ministro, até a uma eventual subscrição pública lançada pelo próprio num dia e desmentida 24h depois; ao facto dos trocadilhos já célebres de Jerónimo de Sousa e até á capacidade debitadora sem espaço para oxigênio de Catarina Martins, já aconteceu de tudo um pouco.

Porém, se os factos circenses se resumissem a isto, já não estávamos mal mas eis que na semana que passou, o líder do CDS e número 2 da Coligação, decidiu dar um ar pouco engraçado da sua graça; diria mesmo que deu um ar da sua (des)graça: num comício  perante uma plateia consideravelmente superior de mulheres, proferiu uma frase comparativa com um orçamento do País, pouco abonatória para o sexo feminino, limitando a condição da mulher do século XXI, á condição da mesma durante o Estado Novo. 

Para Paulo Portas, as mulheres são seres que têm de se preocupar com a lida da casa, cuidar dos mais novos e prestar assistência aos mais velhos. Quer isto dizer, que para o número dois da PAF, as mulheres e o papel que estas desempenham na nossa sociedade, deve ficar limitado á procriação e ás lides domésticas. 

Logo, como seria de esperar, surgiu um coro gritante de críticas perante infelizes afirmações, que Portas tentou remediar, mas já foi tarde: o mal estava dito.

Pode-se então concluir que depois das bacoradas ditas pelo primeiro ministro e líder da Coligação; da manifesta falta de jeito para os debates; das promessas não cumpridas e de mais uns tantos episódios rocambolescos na campanha  da PAF, de repente e não satisfeito com o andamento da referida, Portas sai-se com aquela pérola. 

É caso para dizer, que a Coligação e em particular Portas, fizeram um valente PAF mas no local errado, e no momento errado. Uma semântica irracional acompanhada de uma comparação estúpida,ainda por cima, perante o seu eleitorado. 

Será que as mulheres deste País, e em concreto, as que apoiam a Coligação, vão deixar passar aquela  frase e triste momento em claro? 

Se a resposta for sim, posso concluir que será grave conceder uma benesse daquela natureza, mesmo estando nós em pré campanha eleitoral. 

Resumindo: a PAF deu uma desgraçada imagem com a frase da semana mas pode ser que obtenham o  perdão divino do papa Francisco , que caso tivesse conhecimento desta sentença um tanto ou quanto reles da condição da mulher descrita por Portas, dificilmente daria o seu voto á Coligacao; quanto mais não fosse, por descargo de uma consciência que já anda pesada com todos os males que estão a afetar o mundo por estes dias. Portas quis dar um contributo mas ficou se por um donativo desnecessário.