segunda-feira, 21 de setembro de 2015

VALE A PENA VOTAR?


Grande parte dos meus amigos não vota há muitos anos. Faço parte de uma geração onde existia uma "democracia orgânico-constitucional", mas as eleições não eram livres nem sérias. Custa-me por isso não votar, pois votar ainda é dos poucos benefícios reais que o 25A nos trouxe. Se ganhámos uma melhoria geral nas condições de vida, perdemos nos valores éticos, morais e de vida em sociedade. Há pois que votar, mesmo que cada vez seja mais difícil pelas opções existentes. De um lado temos uma coligação que está no poder, que foi forte com os fracos, reformados e pensionistas, e fraca com os mais fortes da economia e das finanças. Mas a alternativa real do PS, para além de representar um regresso ao passado pelas equipas dirigentes (no fundo os lugares tenentes do governo Sócrates de má memória), decidiu por birra ou calculismo suicida, recusar negociações orçamentais depois das eleições. Marcelo Rebelo de Sousa, viabilizou na oposição do PSD, toda a legislatura minoritária de Guterres. Este mesmo Passos Coelho, então na oposição a Sócrates, viabilizou TRÊS PECs, e o PS ingrato, ainda queria que lhe viabilizasse mais um, o famoso PEC IV. Há que pôr o interesse nacional acima de mesquinhos interesses partidários e/ou pessoais. Eu voto Passos, mesmo que tenha de tomar um "Alka Selzer" antes de pôr a cruz no boletim de voto. Nenhum me convenceu, mas este é o menos mau.
OBS. Este artigo foi publicado na íntegra pelo jornal "Público" na sua edição de 25/9/15
Este artigo foi eleito "Carta da semana" no semanário "Expresso" na sua edição de 26/9/15, com texto integral do original.

13 comentários:

  1. Pois eu também o acompanho Sr. Manuel Alentejano. O Passos é medíocre sim senhor, mas prefiro o medíocre ao mau e ao péssimo. É claro que não votar para mim não é opção e até considero que devia ser proibido.

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  2. Mais uma vez, os meus parabéns ao companheiro do blogue senhor Manuel Alentejano. Mais palavras para quê? Está aqui tudo muitíssimo bem sintetizado. Penso ter fechado o leque de opiniões concordantes.

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  3. Caro Amigo Manuel Martins
    Admiro a sua frontalidade, sempre carreada de bom senso e de respeito pelo próximo (e pelo distante). Desde as penúltimas eleições para a Assembleia da República que não voto. Voto para a presidência, voto para as autárquicas, mas não não para a Assembleia da República, enquanto não existirem círculos uninominais. No actual sistema, nós não votamos no nosso representante, mas em quem o partido escolheu e ao qual "jurou fidelidade", pois, se o não fizer, sujeita-se a não entrar na próxima lista e como político se tornou profissão profissão, o candidato não quer arriscar. Admito que nas primeiras décadas, com uma população pouco preparada, tivesse de ser assim. Mas manter o sistema é passar-nos um atestado de menoridade. Cada um que pense com lhe parecer melhor, pois não sou o espelho de ninguém. Um abraço lusitano.

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    1. Caro Joaquim, grato pelas amáveis palavras que me estimulam para continuar. Sabe, até concordo totalmente com a sua crítica ao caciquismo dos partidos na escolha das listas, afastando-se a sociedade civil e ficando só o pessoal carreirista dos partidos. Mas é a vida, e respeitando a sua opção, a minha é não ficar em casa. Já bastou no tempo de Salazar. E antes que um novo totalitário volte, vou disfrutando de uma das poucas vantagens do 25A.

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  4. Vale sempre a pena, e até devia ser uma obrigação colocar o voto na urna. Só assim podemos exigir aquilo que prometem e não cumprem.
    Saudações amigas para todos que contribuem a dar vida a este espaço que um dia nos foi cedido amistosamente.

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  5. Em jogos viciados só entra quem quer. Os donos do país somos nós; o povo. Mas sem que disso nos apercebermos, os donos dos partidos tomaram conta do sistema e são os Relvas, os Loureiro, os Isaltino, os Duarte Lima e o pessoal da Portucale e dos submarinos e mais um rol infindável de personagens por um lado, e do outro, um grupo que tem girado à volta de Sócrates, de Vara e de tantos outros. Para não lembrar alguns políticos, que não sendo desonestos na sua acção, acabam por prejudicar o país pela sua incompetência. A actual ministra, que substituiu o Macedo, que neste momento é arguido nos Vistos Gold, mete impressão quando quer dizer algo e deve estar sob uma enorme depressão, pelo o não devia estar no lugar. O ministro do ambiente é uma tristeza. Estes não são desonestos mas são o exemplo da incompetência. Votar nesta gente, e na forma como são escolhidos, seria para mim um sofrimento. Cada um que pense pela sua cabeça, pois, continuo a dizer, eu não sou o espelho de ninguém. Como estou num grupo e amigos, falo de alma aberta. Um abraço para todos.

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  6. Votar é importantíssimo. Mas se continuarmos a dar força a esta corja de falsários e vendilhões, que não fez outra coisa que não fosse mentir o tempo todo e roubar os mais frágeis, e vão continuar a fazê-lo, porque é essa a sua ideologia, a mensagem que passaremos é que somos um povo que vive feliz rastejando, sem uma centelha de dignidade e respeito por sí próprio. Se for assim, espera-nos um destino bem triste.
    Quero deixar uma mensagem de simpatia e respeito ao insigne e valente povo grego. Contra todas as patifarias que os traficantes do dinheiro e seus serventuários lhes têm feito demonstrou, uma vez mais, que é ele quem escolhe quem quer que o governe!...

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  7. Caro, senhor Górgias, tal como o senhor escreveu " votar é importantíssimo " estou de acordo. Respeito outras opiniões, mas sinto o dever de (desculpem-me a ousadia) alertar para aqueles que defendem a abstenção. Pois na minha modesta opinião, não votar é no mínimo, beneficiar o(s) infractores ou seja o PS, PSD e CDS os partidos que nos ofereceram a TROIKA, e onde estão alojados muitos daqueles políticos que estão a contas com a justiça, ou já estiveram.Em suma, não votar, é na prática deixar que aqueles que achamos que nos têm roubado, continuarem o mesmo roubo, sejam eles do bando laranja ou do bando rosa e com ou sem o apêndice do Largo do Caldas. Quanto ao povo Grego, também estou de acordo, foi valente e não cedeu a chantagens escolhendo quem ele quis e não quem o directório de Bruxelas pretendia. Um abraço para todos .

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  8. Só que os gregos tinham e têm o Syriza, um partido acabado de nascer e sobre o qual houve e há alguma esperança. Nós, infelizmente, o PC e o Bloco de Esquerda, passados dezenas de anos, não conseguiram passar as suas mensagens a uma quantidade suficientemente alargada de votantes para mudar o jogo político. Na minha opinião, como o sistema está viciado pela forma como se organizam as listas, o desprezo pelo sistema é a resposta. Quem concordar, que vote, porque está no seu direito. Quem discordar, que o faça para ver se a abstenção os obriga a mudar as regras.

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    1. Totalmente de acordo, caro Joaquim! A única diferença (e fundamental) é que o Tsipras apareceu como um menino de coro na política grega, mafiosa e cheia de dinossauros sem qualquer credibilidade. Aqui, no PS, quero acreditar que se o Costa tinha permitido o Seguro continuar, pelo perfil sério e descomprometido dele com o totalitarismo Socrático, até eu (imaginem, seria a minha estreia no PS) poderia votar nele, zangado que estou com PPC. Agora o Costa, Deus me livre!!!

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    2. Boa tarde, caro amigo senhor Joaquim Tapadinhas. Como saberá,( presumo), a mudança de mentalidades, não está ali ao virar da esquina (isto a propósito do PCP). E passados 41 anos de democracia, ainda é notório o preconceito face ao PCP, fruto da propaganda Salazarista e até alimentada ainda hoje, por certos sectores da nossa Igreja. Para não falar da maioria dos órgãos de informação e da sua falta de isenção que leva muitas as vezes a uma dualidade de critérios face ao PCP. Penso que isto é bem notório e basta um pouco de honestidade intelectual para reconhecer este facto. (Por isso não me é difícil pensar que o meu amigo reconhece a tal dualidade de critérios que impera na informação escrita e falada. Porém e apesar de todos obstáculos, eu acredito na força da razão, da persistência, da coerência e da inteligência do homem. Como tal, o que é preciso é insistir, é desmascarar os aldrabões, combater aquela mistificação do " são todos iguais ". Sendo que alguns,, dos que dizem isso, são os mesmos que vão votando no PS ou no PSD, e nunca têm a coragem de dizer: " É pá, já fui enganado,mais do que uma vez pelo PS e ou pelo PSD, porque não experimentar dar o meu voto a um partido que nunca me tenha enganado. Ou seja a um partido diferente. Para terminar, eu não desisto de votar no PCP, até porque, como diz a sabedoria popular " água mole em pedra dura tanto bate até que fura ", É uma questão de tempo de paciência inteligente e democrática. Dito isto apenas me resta enviar~lhe um forte abraço de amizade. E viva a liberdade de expressão que nos permite estar aqui a trocar opiniões.

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    3. Caro Arlindo, o que o meu amigo tem é uma fé, e eu respeito todas elas, quer as religiosas, quer as políticas. Nestas porém, há matéria que pede reanáilse. A minha Mulher acabou de ler o livro publicado já há uns anos da sua ex-camarada Zita Seabra, expulsa do vosso partido. Chama-se "Foi assim", e ela assume uma série de actos bem gravosos e atentatórios das liberdades e direito a votar, que o PCP propalou em 74 e 75, mas não praticou. Ao contrário, como ela revela, procurou e lutou para que nunca se realizassem eleições livres em Portugal. Notável embuste! Afinal, haveria a substituição da ditadura de Salazar-Caetano, por outra ditadura, esta chamada "ditadura do proletariado", alegadamente mais esclarecida. Por isso, e por nunca até hoje, o PCP ter admitido ou criticado os horríveis crimes de Stalin e da subsequente nomenclatura dirigente soviética, eu não consigo perceber como ainda há pessoas que falam em liberdades, mas no fundo votam num partido com intenções totalitárias. Não percebo, mas respeito, repito. Peço desculpa por qualquer coisinha, mas isto é o que me vai na alma, e procurei não ofender ninguém. Muito bom dia.

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