Não devo errar dizendo que quando começamos a ler o jornal, estamos preparados para as más notícias e esperançados nas boas. Hoje, quando comecei a leitura do JN tive uma enorme alegria quando cheguei à página do mestre Germano Silva que desta vez me fez recuar à minha infância e juventude pois a crónica é dedicada à capela de Fradelos e à Rua Guedes de Azevedo onde habitei até aos meus trinta anos. Para além de me virem à memória muitos episódios da época em que nem o Silo Auto existia, recordei as brincadeiras no Largo Dr. Tito Fonte, conhecido por Largo do Bonjardim e onde já adulto tive a oportunidade de conhecer outras pessoas que aqui passaram a conviver. Estava precisamente a meditar no que tinha aprendido sobre a minha rua com o grande mestre até que chego à página do obituário que me deu a triste notícia do desaparecimento de João Ogando. Conhecemo-nos nos quentes anos de 74 e 75 do século passado e era rara a noite que à porta do antigo Ginjal não tivéssemos oportunidade de discutir os casos do dia, e como defendíamos ismos opostos, a sessão entrava pela noite dentro mas despedíamos-mos sempre com um “até amanhã” e confesso que foi com ele que aprendi muito daquilo que sei sobre política. Em virtude de ter mudado de residência, deixei de me encontrar com ele mas tive sempre a esperança em encontra-lo um dia para relembrar aquelas discussões. Quando vi a sua foto na página triste do JN, restou-me a esperança de poder despedir-me dele pela última vez. No entanto, ao saber da sua vontade para que não houvesse cerimónia fúnebre, relembrei que João Ogando era assim mesmo. Até qualquer dia.
Jorge Morais
Publicada no JN de 11.09.2015
PS
O problema não está no ismo que defendemos. Está na educação. JM
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